CategoríaVerso

Letras latinoamericanas

L

Humberto Iracet Brietzke

Pensam os outros que somos simplórios,
Homens de falso ou parvo conhecimento,
Dependentes de uma fé sem fundamento,
Emoções dramáticas e atos contraditórios.

De fato, nossos modos e gestos são notórios,
Mas não são eles sinais de parvo pensamento,
Pois é preciso recordar que todo argumento,
Baseia-se em alicerce dito “raso” e introdutório.

Nossos pensares se lastreiam naquele saber
Que conjuga ordem científica e vivência,
E sua veracidade cotidiana se demonstra.

A isto atentam nossas letras e o escrever,
Resguardando bem as leis de nossa ciência,
Tão certas, que o leitor atento as encontra.

Caixa de Pandora

C

Celso Ferruda

Vamos construir, caixas de pandora
Vamos chamar, os deuses do amor
Para fechar, os senhores das guerras
Acabar com a discórdia entre irmãos
E as doenças que habitam os corações..

Sei, que ainda tenho que aprender.
Muitos passos, ainda vou tropeçar!
Tenho que, manter minha esperança
Construir meu mundo, em uma aliança
Para enfim, ver meu universo sorrir...

Quando construir, minha caixa de pandora,
Acabará o mal em mim.
Serei então, paciente e feliz...
Nascerá a esperança.
Tudo mudará, enfim!
Terei liberdade de sonhar.
Um mundo novo te darei.
Mostrarei todo meu amor,
o teu oculto, mostrarás a mim.

Lágrima

L

Lilian Rocha

Sonhei contigo
É como se o tempo
Não tivesse passado
Pude ver o teu sorriso
Até senti o teu cheiro
Era tanta saudade!
Não aguentei
Que até apneia tive
Acordei assustada
Soluço preso na garganta
A mão bem fechada
Parecia conter algo
Abri curiosa, lentamente
Uma gota
Levo à boca
Era salgada
Tua lágrima
Agora chora
Por meus olhos.

Coragem

C

Beatriz T. Balzan Barbisan

Cada manhã, acordo, abro cadeados e liberto a esperança amordaçada que mantenho algemada. Dispo hábitos antigos que não agasalham mais. Visto novos sonhos que alimento com a fé. Munida de esperança, embarco no otimismo. E vou à luta. Glorifico ao criador! Se, tropeço em meus passos renovo-me com abraços de otimismo protetor. Cada dia que avança, leva meu passado embora e eu renovo a esperança por mais vinte quatro horas.

 

O passado

O

María da Gloria Jesús de Oliveira

Já fui jovem e mãos de fada tive, pele sedosa com brilho e altivez. Percebo, agora, que nem tudo vive e que o tempo tirou-me a robustez. Luneta em punho, feito detetive, e buscando nas sendas um talvez, sei que jamais uma certeza obtive: de ver nascer o que era apenas indez. Desisto do que sei ser impossível, aceito as tatuagens que me cobrem, riscando o que já foi tecido liso. Apenas em meus olhos é rizível encontrar os resquícios da jovem, quando mostro a alegria em farto riso.

Metamorfose das emoções

M

Sandro Gonçalves da Silva

No tropeço das dúvidas, descubro minha força.
Entre o medo e o sonho, a vida me esculpe.
Cada verso ilumina, cada dor ensina,
 
O que pesa no peito, a poesia suaviza e afina.
Na fronteira sutil entre caos e clareza,
Faço da lágrima, ponte para a leveza.
O sentir que desafia, também me renova,
E na dança das palavras, minha alma se transforma.
 
Leve é quem carrega o mundo sem se curvar,
Na leveza da mente, encontra-se o lugar.
Porque ser leve não é ausência de peso,
É saber flutuar com graça, mesmo em meio ao medo.

Sensivel

S

Silvia C.S.P. Martinson

Sensivel é o teu olhar
quando me olhas a saudar,
nele vejo mil promessas,
nele sinto histórias a ocultar.
Não dizes palavras e calas
teus sentimentos como terras
que eu deva desbravar.
E de tesouros e ouro escondidos
são teu sentir e desejos,
que neles pressinto e vejo
a me esconderes, tu, os tens
como precaução, de que te machuque, eu.
Todavia, não compreendes,
não confias que meu amor,
sensível e derradeiro,
possa ainda ser,
tão grande, igual ou maior,
muito maior, que o teu.

 

O relógio

O

Silvia C.S.P. Martinson

 
Escrevo sem a pressa
porque te deixas dominar,
enquanto olho a paisagem,
os pássaros, as ondas, o mar
tu segues a caminhar
pendente do tempo que calculas
para o trajeto acabar.
A escrever te descrevo, te falo
dele de quem és perene escravo,
êle marca e determina para ti, sobretudo
em cada minuto ou hora,
quando tudo começa,
quando, ao teu sabor,
tudo, enfim, deve se acabar.
E ao teu lado sigo
pensando e rezando,
por querer-te tanto,
que ao meu lado sigas
esquecido do maldito,
num desvão, em um canto,
este relógio, mau amigo
dele, o proscrito!

Exaltação

E

Silvia C.S.P. Martinson

 
Mil cores a água cristalina espelha
nas ondas a espraiarem-se.
É o Sol que nos brinda
no céu azul deste dia.
A alma alegre exulta
e na beleza intensa se extasia,
se funde em tudo e nessa magia
voa com os pássaros e em alegria
ao infinito se alça e paira...
Despede-se do que a angústia,
vibra, dança, canta e em hosanas,
o pão nosso agradece, à Vida.

Despedida do poeta

D

Silvia C.S.P. Martinson

 
Quando desta vida partiu,
não deixou saudades,
nem alegrias não resolvidas.
Dos sonhos, quimeras perdida,
das ilusões, amores, almas partidas,
dos dias gloriosos e ensolarados
e das Estações se apropriou!
Das diuturnas, matinais explosões de cores,
as luzes e sombras consigo guardou!
Apoderou-se da palavra,
do som, do veso, da expressão
da arte, da maestria e do amor...
E, a tudo tomou, escondeu, surrupiou!
Deixou-nos o corpo, o Poeta,
pálido, exangue, sem vida!...
E a alma? A alma furtou-nos,
sorrateiro, levando em seu âmago
a verve, a luz, o brilhantismo,
a alegria, o amor, a fidalguia
e também, dolorosamente: levou a a Poesia.
A nós? Nenhum sorriso ou olhar!
Nenhum só! ... Na partida. Na despedida!

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