Autor/aPedro Rivera Jaro

JUSTIÇA PELAS PRÓPRIAS MÃOS

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Pedro Rivera Jaro

Tradução para o português: Sílvia C.S. Preissler

Corria o ano de 1973.

Aquele homem havia trabalhado duro durante toda a sua vida, desde os cinco anos de idade, e, com o fruto do seu esforço, conseguiu comprar um terreno, que cercou devidamente e no qual instalou um grande portão para caminhões, com uma altura de três metros.
Alguns meses antes de falecer, fez algo a que sempre tinha resistido, mas que, devido às suas necessidades financeiras, não teve outra escolha: alugou aquele amplo terreno a um comerciante de veículos usados, que também era policial havia muitos anos. Devemos lembrar que, naquela época, a Espanha estava sob outro regime político, diferente do atual, em que os policiais tinham muito mais poder do que hoje.

Durante alguns meses, o proprietário recebeu o valor do aluguel, embora com certo atraso em relação às datas estipuladas no contrato com aquele policial.

Infelizmente, aquele homem sofreu um derrame cerebral que tirou sua vida em poucas horas, deixando sua família sem a principal fonte de renda que os sustentava até então. Como curiosidade, vale mencionar que, uma semana após seu falecimento, um comando da ETA executou em Madri um atentado com explosivos, resultando na morte do Presidente do Governo da Espanha,  Luis Carrero Blanco.

A viúva, portanto, precisava desesperadamente do dinheiro do aluguel, mas o policial parou de pagar o valor estipulado no contrato. Por esse motivo, a senhora teve uma conversa com ele, na qual ele argumentou que sua situação financeira estava complicada no momento, que havia comprado muitos veículos usados e estava sem fundos. Consequentemente, ele pagaria o aluguel quando pudesse.

A senhora respondeu que, nesse caso, ele deveria desocupar o terreno, para que ela pudesse alugá-lo a alguém que tivesse condições de pagar.

O policial respondeu que o terreno era dele e que continuaria sendo, quisesse ela ou não. Disse ainda que, para tirá-lo de lá, ela teria que gastar muito tempo e dinheiro com advogados e processos judiciais. Afirmou que era policial e que tinha muitas conexões nos tribunais.

Aquela senhora, muito abalada, contou tudo aos seus quatro filhos (três homens e uma mulher):
— O que podemos fazer, filhos? Não temos dinheiro para entrar em processos judiciais e, além disso, precisamos muito do dinheiro do aluguel. Pensem no que podemos fazer daqui para frente para resolver nossos problemas financeiros.

A filha trabalhava como secretária executiva. O filho mais velho havia concluído sua graduação naquele verão e completado seu período de estágio como oficial de complemento. Ele planejava ir trabalhar em um hotel em Londres para aprimorar seus conhecimentos da língua inglesa.

No entanto, após o falecimento do pai, sua mãe viúva pediu-lhe que não fosse para a Inglaterra, pois se sentia desamparada sem o marido. O filho mudou seus planos sem reclamar e permaneceu em Madri para apoiar a mãe.

Os outros dois filhos mais novos encontraram empregos e contribuíram com o sustento da família.

Quanto à questão do terreno, sem chamar atenção, os dois filhos mais velhos decidiram dar uma lição naquele policial abusador.
Naquela noite, por volta das 22 horas, os dois jovens, de 19 e 24 anos, escalaram o portão de caminhões do terreno e entraram, carregando martelos e facas.

Lá dentro, havia duas dúzias de automóveis — os melhores que aquele comerciante-policial tirano e ladrão possuía: Citroën Tiburón, Mercedes, Chevrolet, entre outros.

Um por um, eles quebraram faróis, lanternas e vidros. Cortaram os pneus, rasgaram os estofamentos dos bancos e encostos. Ao final, não restava um único veículo intacto.

Depois de concluírem o trabalho, pularam novamente o portão e voltaram para casa.
Três dias depois, o policial ligou para a viúva e marcou um encontro com ela para pagar sua dívida e desocupar o terreno onde guardava seus melhores veículos.

E assim aconteceu. Não precisaram contratar advogados nem se envolver em processos judiciais.

Ele deve ter percebido que, às vezes, a justiça chega por caminhos inesperados e surpreendentes.

Onde estão as chaves?

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Pedro Rivera Jaro

Tradução para português Sílvia C.S. Preissler

Naquela manhã, o agente da polícia municipal estava dirigindo o trânsito na Rotunda de Embaixadores, quando chegou um carro muito luxuoso, conduzido por um senhor que ignorou as placas de proibição de estacionamento e estacionou bem em frente a uma cabine da Empresa Municipal de Transportes. Dentro dela, um funcionário da empresa estava de plantão para supervisionar seu pessoal.

O homem saiu do carro e entrou em um bar próximo, chamado El Portillo de Embajadores, nome dado em homenagem ao Portão da terceira muralha de Madri, ou Cerca de Felipe IV, por onde os embaixadores estrangeiros entravam na Corte de Madri para apresentar suas credenciais ao monarca da Espanha.

Passados quinze minutos, o policial se aproximou do veículo com a intenção de aplicar uma multa pela infração cometida pelo motorista. Ao chegar, percebeu que o carro estava aberto e as chaves ainda estavam na ignição.

O agente pegou as chaves e as guardou no bolso da calça. Depois, voltou ao centro da rotunda para continuar dirigindo o trânsito.

Passaram-se mais cinco minutos, e então o dono do carro saiu do bar e se dirigiu ao veículo. Abriu a porta e, de repente, notou que as chaves não estavam no lugar. Pensou que talvez estivessem em um de seus bolsos e começou a tateá-los, um por um, sem sucesso.

Diante do fracasso da busca, começou a procurar dentro do carro, entre os assentos e debaixo deles. O resultado foi exatamente o mesmo: NADA!

Em seguida, procurou ao redor do carro e debaixo dele. NADA! Mais uma vez, não obteve sucesso.

Voltou ao bar para perguntar se, por acaso, as teria esquecido lá. Mas também não estavam ali, e ninguém as havia visto em nenhum lugar.

Enquanto isso, o policial de trânsito, que observava tudo do ponto onde dirigia a circulação, aproximou-se do carro com seu bloco de multas e uma caneta na mão. Tirou as chaves do bolso e as colocou debaixo do carro, a uma distância de aproximadamente um palmo do chão.

Em seguida, dirigiu-se ao motorista e informou-o de sua intenção de multá-lo.

O homem respondeu que havia parado apenas por um minuto para dar um recado urgente a outra pessoa que o esperava no bar, mas que, ao sair, não encontrava as chaves.

Na realidade, desde que ele chegou e estacionou, já haviam se passado cerca de trinta minutos. No entanto, o policial percebeu que o homem estava muito preocupado e perguntou se ele havia procurado as chaves com atenção.

— Sim —respondeu o motorista—. Procurei por toda parte, mas não sei o que fiz com elas, nem onde as deixei.

O policial então se abaixou e disse:

— Aí estão as chaves.

Isso causou uma grande alegria no motorista, que expressou sua gratidão ao agente.

— O senhor sabe que não pode estacionar aqui e eu deveria multá-lo por não respeitar a proibição —disse o policial. Mas, se me der sua palavra de honra de que não voltará a fazer isso e levando em consideração o susto que passou, eu perdoo a infração.

O motorista deu sua palavra, e sei que cumpriu com ela durante todo o tempo em que o agente continuou prestando serviço de vigilância e controle do trânsito na Rotunda de Embaixadores.

Pessoalmente, acredito que o objetivo de corrigir foi melhor alcançado da forma como se fez neste caso do que se apenas tivesse sido aplicada uma multa ao infrator.

Un pardal quase humano

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Pedro Rivera Jaro

Traduzido para o português por Silvia Cristina Preysler.

No que conhecemos como o Corredor Verde, que era uma antiga linha de trem, existem uma série de lojas que minha esposa e eu frequentamos habitualmente para as compras diárias de alimentos. Uma delas se chama Montepinos.
 
Em um de seus dois estabelecimentos, montepinos possui um mercadinho, onde há uma peixaria, uma tabacaria, um açougue e uma quitanda.
 
No outro local, situado bem em frente, atravessando a rua, há uma cafeteria que, em parte, abriga um forno de padaria, com sua seção de pães e confeitaria.
 
Outro dia, fui à padaria comprar pão, a pedido da minha esposa e, ao abrir a porta de vidro, observei como por cima do meu ombro, entrou voando uma fêmea de pardal e pousou à minha frente, sobre a borda de uma prateleira.
 
Distingo entre fêmea e macho porque o macho carrega em suas penas o que chamamos de gravata, que é uma mancha escura na garganta e no peito; a fêmea não tem essa marca, sendo totalmente cinza, assim como no restante de suas penas.
 
Aquele animalzinho desceu ao chão e bicava migalhas de pão e restos de comida que, suponho, caíam dos lanches dos clientes da cafeteria. Tentei me aproximar dela, mas, com curtos voos e pulinhos, não me deixou.
Comprei meu pão e me aproximei da caixa, que me conhece e se chama Eva, e comentei sobre o ocorrido. Ela me respondeu que já havia notado o pássaro e que ele vinha entrando desde a época da pandemia, quando estivemos confinados em nossas casas. Sem encontrar comida na rua, o pardal entrava para buscar dentro do local. Mas o que mais chamou minha atenção foi o que Eva me contou: que, quando o passarinho tinha filhotes, entrava com eles para buscar alimento para dar-lhes de comer. Também me disse que, se conseguisse pegá-lo, o colocaria no forno, porque, logicamente, ele suja tudo com seus dejetos.
 
Pensemos que ela é responsável por limpar o local. Porém, o animalzinho é suficientemente esperto para não deixar ninguém colocá-lo nas mãos.
 
Quando terminou sua busca por alimento, esperou que alguém abrisse novamente a porta e saiu para a rua. Em minha modesta opinião, acredito que um animalzinho que demonstra tamanha inteligência para sobreviver às dificuldades da vida, mesmo não sendo humano, merece admiração e respeito.

O sul de Madrid nos anos 50

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Pedro Rivera Jaro

Traduzido ao português por Silvia Cristina Preissler

 

Naqueles anos, o que hoje é conhecido como Rua de San Fortunato era chamado de Bairro de San José e pertencia ao Distrito de Arganzuela-Villaverde. Vivíamos de maneira muito diferente da atual. Hoje, meu bairro possui metrô, várias linhas de ônibus, belos parques, ruas asfaltadas com calçadas amplas e bem cuidadas, hospital e ambulatório médico. Naquela época, a rua era de terra; quando chovia e passavam carroças ou veículos motorizados, que eram muito escassos, formavam-se grandes lamaçais que sujavam nossos calçados e roupas.

Meu avô Pedro, o senhor Gonzalo, o Tio Panta, Paco e, em geral, os antigos vizinhos da época colocaram lajes de granito, provenientes das demolições da Madrid do pós-guerra, como se fossem calçadas. Assim, podíamos andar ao menos por ali sem pisar na lama. Meu tio Faustino, que viveu lá até se casar e mudar-se para a rua Marcelo Usera, referia-se à nossa vizinhança como se fosse a Sibéria.

Também não havia iluminação pública noturna na rua, mas meu pai instalou uma lâmpada coberta, acima do batente da porta, que acendíamos toda vez que precisávamos sair à noite para fazer algum recado.

O sistema de esgoto chegou quando a fábrica de papelão, Cartonajes Font y Masach, o instalou desde a sua fábrica, perto da estrada de Andaluzia, até o deságue no rio Manzanares, que havia sido transformado em um rio morto devido aos despejos que acabaram matando os peixes que, quando crianças, pescávamos ali. As tubulações de resíduos da fábrica possuíam, a cada cinquenta metros, bocas de esgoto com tampas de concreto. Quando os canos entupiam, água azul ou vermelha emergia da boca antes do bloqueio, dependendo do que estava sendo produzido naquele dia. Essas águas coloridas tingiam toda a rua, incluindo os depósitos de entulhos localizados no caminho de Perales até o rio.

A água para consumo, higiene pessoal e lavagem de roupas era coletada em uma fonte pública. Usávamos potes e botijas de barro, baldes e bacias metálicas, até que, com a invenção dos plásticos, esses recipientes passaram a ser feitos desse material, que pesava menos e, caso encostasse em nossas pernas, não causava ferimentos.

No início dos anos 60, meu pai comprou uma mangueira de borracha que cobria a distância de cem metros entre nossa casa e a fonte pública. À noite, quando ninguém mais ia buscar água na fonte, enchíamos todos os recipientes que tínhamos nos pátios e, por vários dias, não precisávamos mais ir até lá.

Na metade dos anos 60, conseguimos conectar uma tomada de água na tubulação ampliada pelo Canal De Isabel II, e nunca mais precisávamos ir à fonte buscar água.

Além disso, para regar as plantas, usávamos a água do poço que meu avô Pedro havia cavado no pátio, ao lado do tanque onde lavávamos roupas sujas.

Falando das casas onde morávamos, eram térreas e não tinham aquecimento, como quase todas as casas têm hoje. Normalmente, havia apenas um cômodo onde toda a família passava a maior parte do tempo. Esse espaço geralmente era a cozinha, que possuía um fogareiro. Acendíamos o fogo com jornais velhos e gravetos, aos quais, após entrarem em combustão, adicionávamos algumas pás de carvão mineral ou antracito. Abríamos a entrada de ar para avivar as chamas e, quando já estavam bem fortes, quase a fechávamos por completo, economizando assim carvão. Meu pai encomendou ao serralheiro Alfredo uma proteção de malha metálica retangular com dois ganchos para fixá-la em barras embutidas na parede, prevenindo que o fogareiro caísse sobre nós.

Minha mãe deu outra utilidade àquela malha protetora: descobriu que as roupas molhadas, que não secavam durante os dias chuvosos, secavam rapidamente quando penduradas ali perto do fogareiro.

Ao nos preparar para dormir, sabendo que os lençóis estavam congelados, aquecíamos pequenas mantas de feltro branco na malha protetora e nos enrolávamos nelas antes de nos deitar. Depois, nos cobriam com outras mantas até o nariz.

Pela manhã, ao nos levantar, usávamos urinóis brancos com bordas azuis ou vermelhas, dependendo do modelo. Depois de nos limparmos, levávamos a urina ao pátio para descartá-la no esgoto e enxaguávamos os urinóis com água do poço.

A higiene pessoal era feita em uma bacia de cerâmica branca, onde usávamos água fria e sabão, esfregando nosso corpo com buchas de esparto. Quando meu pai, anos depois, instalou água corrente e construiu um banheiro completo em casa, sentimos como se tivéssemos entrado no paraíso. As crianças de hoje não sabem a sorte que têm de viver nesta época cheia de comodidades.

Outro dia, contarei como caminhávamos por ruas enlameadas até a escola, como éramos tratados pelos professores e sobre os serviços prestados diretamente em nossas casas, como pelo carteiro, os vendedores de telas, o botijeiro, o colono, o consertador de guarda-chuvas, o vendedor de mel, de melões, o afiador, entre outros.

Mas hoje o relato ficaria muito extenso. Espero que tenham gostado. Um abraço carinhoso, queridos leitores.

O mercadinho do povoado de San Fermín

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Pedro Rivera Jaro

Traduzido para o português por Silvia Cristina Preissler
 
No ano de 1955, quando eu tinha 5 anos, como eu era o filho mais velho dos meus pais, minha mãe me encarregava de fazer pequenas compras de alimentos nas lojas próximas de casa, como o armazém do senhor Herrero, o açougue da Praça, a quitanda e frutaria da senhora Matilde, e a loja de miudezas da Nieves, entre outras.
 
Ela escrevia o que precisava em um pedaço de papel, e eu entregava nas lojas, onde me davam o que estava anotado. Assim foi como, desde muito pequeno, aprendi a fazer compras distinguindo a qualidade dos produtos.
 
A partir de 1961, já com 11 anos, lembro-me que pegava minha bicicleta e o cesto de compras e ia até o mercadinho de frutas e verduras, que haviam construído com paredes e telhados de madeira. Ele era formado por duas fileiras longas de barracas, uma em frente à outra, além de uma fileira mais curta na entrada principal, que fechava as fileiras mais longas. Lembro-me que, nessa fileira da entrada, ficava a loja do senhor Paco Osuna.

Minha mãe me dava 25 pesetas e dizia:
- “Filho, não tenho mais dinheiro.”
- “E o que você precisa, mamãe?”, eu perguntava.
- “Precisamos de frutas, feijão verde, batatas. O que você achar que dá.”
 
Na frutaria da senhora Matilde, que ficava ao lado de casa, um quilo de bananas custava 13 pesetas. Em comparação, no mercadinho, tudo saía bem mais barato, sem perder a qualidade. No cesto que eu prendia no suporte traseiro da bicicleta, cabia bastante peso de frutas. Eu atravessava a Colônia de San Fermín em minha bicicleta até o Povoado de mesmo nome. Chegando no Mercadinho, dava uma volta completa em seu interior, observando as mercadorias e os preços dos diversos produtos.
Na segunda volta, ia comprando nos pontos de venda o que tinha selecionado na primeira. Por exemplo:
2 quilos e meio de laranjas por 5 pesetas;
2 quilos e meio de maçãs por 5 pesetas;
2 quilos de batatas por 4 pesetas;
1 quilo de feijão verde sem fios por 3 pesetas;
1 quilo de bananas das Canárias por 8 pesetas.
Totalizavam exatamente as 25 pesetas que minha mãe havia me dado. Algumas vezes, se sobrava uma peseta, minha mãe me deixava ficar com ela.
 
Em 1964, já com 14 anos, eu sentia vergonha se as meninas da minha idade me vissem com o cesto de compras. Naquela época, era malvisto que homens fizessem compras, pois isso era considerado tarefa das mulheres. Hoje em dia, isso já não é assim, mas naquela época era. Por isso, eu pedia para minha mãe mandar minha irmã Maribel, que já tinha 12 anos. Mas minha mãe se recusava, dizendo que os vendedores enganavam minha irmã, enquanto comigo isso não acontecia, pois eu sabia muito bem o que estava comprando.
 
Sempre acreditei que ela exagerava.

Antes se chamava "a gota fria"

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Pedro Rivera Jaro

Traduzido para o português por Silvia Cristina Preissler Martinson

Já faz vários anos que escrevi algo sobre os incêndios florestais e a influência dos impedimentos ecologistas na limpeza dos montes, sua proibição de cortar espinheiros e ervas daninhas, para facilitar a reprodução de animais selvagens, como a raposa, o lobo ou o javali. O texto se chamava "Espanha em chamas".

Se algum pecuarista ou agricultor precisa podar os espinheiros, antes deve pedir uma autorização, que é concedida com a condição de que, ao realizar a poda, esteja presente um guarda dos organismos criados para a Conservação da Natureza. Como se a Natureza fosse algo inventado pelos ecologistas mais radicais, e as pessoas que durante gerações conservaram nossos montes e campos, não soubessem cuidar deles nem viver deles.

Agora, como consequência da tremenda catástrofe ocorrida há algumas semanas no Levante espanhol, com a chegada da terrível DANA (antes chamada de "Gota Fria"), que resultou na morte de centenas de pessoas inocentes, ocorre-me pensar que isso não é mais do que mais um capítulo do ecologismo radical.

Durante milhares de anos, o ser humano tentou domesticar o mundo que habitamos, na medida do possível. Construiu estradas, cultivou os campos, fez represas e açudes para conter as águas selvagens, entre outras coisas.

Mas agora parece que a humanidade estava errada, que todas as águas devem fluir selvagens pelos seus leitos, para que os peixes não encontrem barreiras no seu livre fluxo. Para isso, nos últimos anos foram demolidas centenas de obras que haviam sido construídas para domar a força bruta das águas e aproveitá-las para irrigação e geração de energia limpa.

Da mesma forma, a limpeza dos leitos fluviais foi abandonada, permitindo o crescimento descontrolado de canaviais e vegetação silvestre, que, quando chega uma enxurrada, como a última, arrasta tudo para as populações, causando as conhecidas destruições e tragédias.

Eu nasci e vivo em Madri, onde passa o rio Manzanares, o "aprendiz de rio", como o batizaram poetas e escritores, mas que, quando fica temperamental, como consequência de chuvas intensas em todas as terras altas ao longo de seu percurso, arrasta enormes volumes de água ao passar por minha cidade.

Para prevenir essas ocasiões, quando eu era criança, lá pelos anos 50, foi realizada a Canalização do Manzanares, com a construção de várias represas reguláveis, que são enchidas e esvaziadas à vontade dos responsáveis municipais pelo controle do rio.

Acontece que, há alguns anos, uma prefeita de Madri decidiu abrir as represas e permitir o crescimento da vegetação no leito. Hoje isso pode nos parecer muito bonito, porque a fauna e a vegetação fluviais são encantadoras, mas pode um dia acontecer o mesmo que ocorreu na região valenciana, e talvez tenhamos que lamentar tragédias semelhantes às de lá.
Se essas tragédias chegarem a acontecer, a quem culparíamos?

Os políticos de diferentes partidos jogariam a culpa uns nos outros, mas, no final, as vítimas, como sempre, são o povo. E como diz o antigo ditado: "Entre todos a mataram, e ela sozinha morreu".

 

Cinco dias em Florença

C

Pedro Rivera Jaro

Traduzido ao português por Sílvia C.S.P. Martinson
Maravilhosa cidade de Florença. Chama-me a atenção que seu aeroporto seja pequeno, mas, claro, venho do Aeroporto Adolfo Suárez de Madrid-Barajas, mais especificamente de sua Terminal 4, cujas enormes dimensões me lembram o Aeroporto de Atlanta, nos Estados Unidos. No entanto, é um aeroporto bastante movimentado, dado o grande número de turistas que visitam esta pequena cidade. Estima-se que cerca de um milhão e meio de visitantes por ano chegam para se maravilhar com as inúmeras obras de arte que enchem suas ruas, praças e museus.

Também me chama a atenção que os próprios guias turísticos, que nos explicam as obras de arte de Firenze, como a chamam os italianos, comentem que os florentinos são bastante orgulhosos no trato com os estrangeiros. Percebi que isso é verdade. Eles têm motivos para tal orgulho, mas considerando que uma parte importante de sua renda vem do turismo, talvez devessem corrigir um pouco essa postura e ser mais amáveis. Contudo, devo ressaltar que há exceções.

Minha narrativa teria que ser necessariamente muito longa para explicar as maravilhas que Florença guarda, mas esse não é meu objetivo. Pretendo apenas despertar seu interesse em conhecê-la, e para isso, basta, quase com certeza, traçar algumas pinceladas de seus principais monumentos e algumas das lendas que circulam entre seus habitantes.

Graças ao mecenato de várias gerações da família Médici e à disposição de sua última representante, Anna Maria Luisa, que garantiu que o patrimônio artístico dos Médici fosse preservado em Florença e não pudesse ser retirado da cidade, podemos hoje visitar e admirar as obras de Donatello, Tacca, Botticelli, Michelangelo, Leonardo da Vinci, Brunelleschi, Alberti, Ghiberti, Giorgio Vasari, Masaccio e muitos outros.

A família Lorena herdou o patrimônio dos Médici, mas antes teve que assinar um acordo garantindo a permanência de todas as obras de arte em Florença. Quando tomaram posse da herança, tornaram-se benfeitores desse patrimônio artístico, transformando a Galeria Uffizi, que era apenas um depósito de obras de arte, em um verdadeiro museu, como o conhecemos hoje.

Falando sobre os Médici, há uma lenda acerca das cinco bolas que fazem parte de seu brasão heráldico. Segundo nossa guia turística, elas representam cinco cabeças de papoula.

Parece que os Médici estavam envolvidos no comércio de seda chinesa. Uma vez por ano, chegava ao porto um navio carregado de seda, e havia um leilão entre os dois principais comerciantes de Florença. Conta a lenda que, na véspera do leilão, os Médici convidaram os membros da família concorrente para um jantar em sua casa e, durante a refeição, misturaram ópio extraído das papoulas, também trazidas da Ásia, às bebidas servidas. Como resultado, os concorrentes caíram em um sono profundo e perderam o leilão, permitindo que apenas os Médici participassem e obtivessem enormes lucros que impulsionaram sua riqueza.

Diz-se que, a partir desse episódio, ganhou força entre os comerciantes a sentença "NESSUN DORMA" (Ninguém durma), indicando que nos negócios ninguém deve relaxar, pois isso pode trazer prejuízos.

Mais tarde, os Médici entraram no setor bancário e, graças à amizade com o Papa em Roma, administraram as finanças do Vaticano por muitos anos. Porém, ao conquistar Siena, que era uma possessão papal, o Papa transferiu as finanças para um banco rival dos Médici.

Não posso deixar de mencionar que houve quatro papas da família Médici e duas rainhas, o que demonstra seu grande poder.

A moeda de Florença, o Florim de Ouro, foi a moeda universal de sua época, equivalente ao dólar ou ao euro em nossos dias.

Muitas pessoas já ouviram falar de Michelangelo Buonarroti, o criador da escultura de Davi, uma obra de arte maravilhosa cujo original podemos admirar na Galeria da Academia. Mas o que muita gente desconhece é que Pietro Torrigiano, a quem Michelangelo insultava por assinar obras consideradas muito ruins, quebrou o nariz dele com um soco poderoso.

Esse incidente levou ao exílio de Torrigiano, que foi morar em Sevilha. Lá, ele deixou obras de sua autoria que hoje podem ser vistas no Museu de Belas Artes da cidade.
Uma cópia do Davi pode ser admirada na extraordinária Piazza della Signoria, em frente ao Palazzo Vecchio.

Chamou-me poderosamente a atenção a afirmação feita pelo nosso guia de que Michelangelo escolhia o bloco de mármore "adivinhando" a escultura que havia dentro dele. Penso que, tratando-se de um modelo com tamanha beleza e perfeição física, o artista deve ter retratado na obra um homem por quem estava apaixonado, sobretudo considerando que ele era homossexual. Foi um prazer ouvir nossa guia explicar as particularidades do Davi, como, por exemplo, a tensão mantida em seu corpo, preparado para disparar a funda semioculta em suas mãos, cujas correias cruzam suas costas para que Golias não as perceba. Essa mesma tensão é visível em seu semblante concentrado, indicando a espera tensa que antecede o ataque do caçador à sua presa.

Na mesma Piazza della Signoria, além do Palazzo Vecchio, podemos observar a Loggia dei Lanzi ou della Signoria, próxima à Galeria Uffizi. O nome "Lanzi" deriva das lanças portadas pelos guardas suíços que protegiam o local. Quero destacar duas esculturas que podemos admirar ali: "Perseu com a cabeça da Medusa" e "O Rapto das Sabinas", também conhecida como "O Rapto da Sabina".

Outro ponto curioso está próximo à Torre do Campanário de Giotto, perto da Catedral e do Batistério de São João, com as Portas do Paraíso de Ghiberti. Trata-se de um edifício com um pórtico em sua extremidade, conhecido como Bigallo. Ali eram deixadas as crianças abandonadas, para que alguém as recolhesse e adotasse. Mais tarde, foi criado um orfanato no edifício vizinho, também chamado Bigallo.

Não vejo como evitar que esta narrativa se alongue, pois as maravilhas de Florença são tantas que é difícil ser breve.

Outro ponto interessante é a Fonte do Porcellino, localizada junto à Loggia del Mercato Nuovo. Nela, há uma estátua de um javali adulto, popularmente chamado de "Porcellino" (leitão). Desde pelo menos 1640, os aguadeiros enchiam seus cântaros nessa fonte. A tradição diz que, ao deslizar uma moeda pelo focinho do javali e se ela cair na grade, você retornará a Florença. A estátua original, de um javali de mármore, é grega e está na Galeria Uffizi. A cópia de bronze, presenteada pelo Papa Pio IV aos Médici, foi transformada em fonte por Fernando II de Médici. Algo curioso é que, ao beber da água, parece que você está beijando o javali. O focinho e a orelha estão polidos pelo toque de tantas mãos ao longo do tempo.

Não seria justo encerrar sem dedicar um parágrafo à Galeria Uffizi, uma das joias da coroa de Florença. Nela, podemos encontrar um verdadeiro "royal flush" da arte, começando com o Nascimento de Vênus, de Botticelli; o Tondo Doni, de Michelangelo, que é a única pintura de cavalete feita por ele; a Anunciação, de Leonardo da Vinci, com sua perspectiva inovadora; a Vênus de Urbino, de Ticiano; e a Virgem do Pintarroxo, de Rafael. Além disso, destacam-se a Sala de Nácar, o Baco, de Caravaggio, e centenas de outras obras.

Recomendo também visitar o Museu da Opera del Duomo, que inclui a Pietá Bandini, de Michelangelo, a Maria Madalena, de Donatello, e a Porta do Paraíso, de Ghiberti, além da Piazza della Repubblica, o Arco do Triunfo e o Carrossel.

Outros imperdíveis são o Cinema Odeon, no Palazzo Strozzino, a Igreja de Orsanmichele, a Igreja de Santa Croce, onde estão os túmulos de Michelangelo, Galileo, Maquiavel e Dante Alighieri, o Museu Galileo, a Ponte Vecchio e o Palácio Pitti, no bairro de Oltrarno, com os Jardins de Boboli.

No bairro de Oltrarno, ao lado do Palácio Pitti, encontramos os Jardins de Boboli, onde há uma fonte peculiar com duas pequenas cabeças meio submersas em água fresca e quase gelada que brota de um pequeno tubo. Foi impossível resistir à tentação de beber dessa água até saciar minha sede. Também visitamos a Grotta Grande, onde estão as estátuas de Helena e Páris, representando o castigo infernal para os adúlteros, um tema carregado de simbolismo.

Ainda recomendaria visitar o Museu de Leonardo da Vinci, com suas invenções, a Igreja de Santa Maria Novella, que abriga o Crucifixo de Brunelleschi, e a histórica Farmácia de Santa Maria Novella. Outros locais imperdíveis são o Palácio Medici-Riccardi, repleto de história, e a mítica Ponte Vecchio, a ponte mais antiga da Europa e a única que sobreviveu à destruição pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial.

A Ponte Vecchio tem uma história fascinante. Originalmente ocupada pelos açougueiros, que despejavam restos no Rio Arno, foi transformada pelos Médici em um espaço para joalheiros. O Corredor Vasariano, um passadiço elevado que conecta o Palácio Pitti ao Palácio Vecchio, foi construído para permitir que a família Médici se deslocasse sem contato direto com as ruas, garantindo sua segurança.

Além disso, ao explorar o bairro de Oltrarno, você encontrará não apenas o Palácio Pitti e os Jardins de Boboli, mas também muitos tesouros menos conhecidos, como pequenas igrejas e praças com uma atmosfera única que parece transportar você no tempo.

E como poderia deixar de mencionar a experiência no Museu Galileo, localizado no Palácio Castellani, onde estão expostos instrumentos científicos e achados que destacam a rica história da ciência em Florença? Ou ainda, a impressionante Igreja de Santa Croce, onde descansam figuras históricas de renome, como Michelangelo e Galileo, sob lápides artisticamente decoradas?

Finalmente, Florença oferece uma combinação única de arte, história e cultura. Recomendo enfaticamente uma visita a essa cidade, que verdadeiramente merece toda a sua fama.

Mas não posso encerrar este relato sem sugerir uma excursão à cidade vizinha de Pisa. O esplendor de sua famosa Torre Inclinada, junto à Praça dos Milagres, é algo que ficará gravado na memória de qualquer visitante para sempre.

Arrivederci, Florença, esta cidade luminosa que cativou minha alma e onde cada esquina guarda uma nova maravilha a ser descoberta.

 

Politica arriscada

P

Pedro Rivera Jaro

Traduzido ao português por Sílvia C.S.P. Martinson

Que política nojenta que destrói amizades,
quando enfrentam a vida por objetivos diferentes.
Que desgraça de partidos que .desfazem irmandades,
pela maneira oposta de pensarem.
Que pena que partidos cortem relações,
enquanto se escondem em coloridas reuniões.
Simulam o que não são realmente
para com o apoio de todos,
ao domínio chegarem
permitindo-lhes enriquecerem rapidamente.
A acha tenta apenas parecer tronco,
para de toda árvore o voto conseguir
Azinheiros, álamos, castanheiros e freixos
com orgulho proclamam que são deles,
e seu voto, esperançosos, presenteiam
a quem chegar ao poder,
e estes sem escrúpulos
depois os vão cortar.
Assim ocorre na equipe oposta,
aquela que usa a navalha curva,
faz com as vinhas a mesma coisa,
traz no seu cabo escondido o aço da lâmina
que engana, fazendo-a parecer madeira.
E então neles as videiras votam,
sonhando que irão governar bem.
Porém quando a colheita chega,
a lâmina oculta fazem surgir
e afiando sem demora o seu aço,
os cachos de uvas, da anual colheita,
os cortam e rapidamente os levam,
guardados em repleta cesta,
vendendo-os aos grandes bodegueiros,
escondendo logo em suas avaras bolsas,
os produtos obtidos pela venda.

 

Lição de vida

L

Pedro Rivera Jaro

Traduzido ao português por Sílvia C.S.P. Martinson

Eu tinha então 6 anos. Era um dia de sol e quente do mês de maio de 1956. Passavam alguns minutos das 12 do meio dia, quando voltei a casa do colégio e recordo que cheguei esfomeado.

Entrei na cozinha e olhei nas gavetas do armário onde minha mamãe costumava guardar os alimentos, como chouriço, salsichão, marmelo,etc. (então não tínhamos frigorífico) porém não encontrei nada mais que um pacote de papel Kraft com fatias de bacalhau seco e salgado com que minha mãe costumava fazer batas doces cozidas, o que eu não recordei previamente que se punha o bacalhau na água para dessalgar.

Comecei a tirar a pele de algumas fatias e come-las para acalmar o apetite. Após algum tempo comecei a sentir uma sede tremenda e imperiosa de beber. Não tínhamos água corrente do canal de Isabel II em casa e minha mãe tinha que ir buscá-la na fonte pública com cântaros de barro que colocava em uma Cantareira de madeira que tínhamos junto a pia da cozinha. Eu, todavia não tinha as forças necessárias para manejar os cântaros de barro sem risco de quebrá-los, como já me havia ocorrido há muito tempo e que me ocasionara uns tapas.

Somente me sobrava para beber uma garrafa de vidro branco transparente com vinho branco em seu interior, do qual meu pai bebia um copo nas refeições e o que se encontrava habitualmente na janela.

Nem rápido nem devagar subi pela pia até a janela e alcançando a garrafa tomei um bom trago de vinho branco e satisfiz momentaneamente minha sede.

Passado um tempo eu tinha todos os efeitos da embriaguez ainda que não soubesse.

Depois de experimentar tonturas e passar muito mal neste instante, tombei ao solo e fiquei adormecido.

Quando minha mamãe regressou para casa depois de fazer recados me encontrou no solo e levou um tremendo susto, até que eu fui acordando e contei o que havia comido e bebido. Esse dia não tive vontade de comer ao meio dia e até a tarde estive acamado, quando tudo deixou de dar voltas e sumiu o mal do corpo.

Naquele dia aprendi a ser precavido e a não aventurar-me a comer ou beber nada que não viesse diretamente das mãos de meus mais velhos.

A mentira institucionalizada

A

Pedro Rivera Jaro

Traduzido para o português por Sílvia C.S.P. Martinson
 
Li em um artigo no "20MINUTOS" que explica a participação no fórum "Informação e desinformação no Metafuturo" de um Ministro do atual Governo da Espanha, e de vários jornalistas renomados.
 
Eles criticam as mentiras que se espalham sob a forma de embustes nas redes sociais. Outro dos jornalistas coloca o problema mais em meias verdades, pois eles induzem a falsas crenças.
 
Joaquín Manso acredita que estamos vivendo um período em que a mentira se institucionalizou, ao contrário do que aconteceu em períodos anteriores, já que agora a mentira é usada como ferramenta e com ostentação.
 
Finalmente, Ignacio Escolar acredita que no futuro o uso de mentiras será corrigido, embora ele tenha compartilhado que mentiras agora são mais difíceis de detectar e combater, porque somos uma sociedade sem anticorpos para mentiras.
 
Depois de ouvir todas essas opiniões, eu me pergunto: Como nossa sociedade pode ficar longe das mentiras, se nossos principais líderes, sem querer detalhar nomes e sobrenomes (embora alguns muito conhecidos e importantes venham à mente), prometem em suas campanhas políticas uma série de coisas que farão, e outra série de coisas que nunca farão se alcançarem o poder, mas quando o alcançam, fazem o oposto do que prometeram?
 
Este é um exemplo desastroso de indignidade e falta de escrúpulos, que as pessoas comuns (você e eu) aprendemos a tomar como certo, assim como aconteceu nos anos de chumbo, quando chegamos a ver como normais os assassinatos terroristas perpetrados pelos assassinos da ETA, pelo simples fato de que eles os cometeram como uma questão natural.
 
Até que surgiu um gatilho que fez com que toda a Espanha saísse às ruas para protestar contra a ETA, e foi quando o assassinato de Miguel Angel Blanco provocou o cansaço de todos os espanhóis pela paz, ordem e justiça. Agora pergunto a todos os espanhóis comuns, aqueles de nós que nos dedicamos a levar uma vida digna e a ensinar a nossos filhos todos os princípios que nossos pais nos transmitiram, quando é que vamos tomar as ruas novamente para exigir o fim da descarada sem-vergonhice daqueles que não têm respeito pela verdade e só chegam ao poder para tirar proveito das pessoas trabalhadoras e honestas que compõem a maioria de nossos cidadãos?

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