Leonardo, o Leo, atualmente com 27 anos, há algum tempo atrás, para concluir seus estudos, aceitou o convite para morar na capital com seu tio Carlos Augusto, que é casado em segundas núpcias com Maria Clara, mãe da Daniela, a Dani, hoje com 25 anos, a quem o tio a tem como uma querida e amada filha.
Leo, desde o início encantou-se com o excelente convívio familiar. Sempre bem nos estudos é formado em Administração de Empresas e é atualmente Gerente de Produção numa Indústria de Móveis Planejados, onde começou como auxiliar de serviços gerais. Dani, funcionária da mesma empresa, chefia o Setor de Controle de Qualidade. Faz faculdade de Arquitetura a noite.
Ano passado, Leo adquiriu um terreno num condomínio em formação, em que há umas vinte casas habitadas, próximo do bairro do tio e ergueu nos fundos um apartamento, onde mora, até construir sua casa principal.
Quanto à vida amorosa do Leo, algumas namoradas, nada de mais sério. Tem a Dani, como sua melhor amiga e confidente. Igual sentimento compartilha a Dani. Numa ocasião em que eles estavam sem namorar alguém, começaram a sair juntos, um dando força ao outro, daí, ao natural, passaram a se verem com outros olhos. Agora, felizes da vida, estão se namorando. Logo o aniversário da Dani, em que o novo casal, idealiza uma comemoração especial.
Algo incomoda o Leo: seguidamente sonha com ações do dia-a-dia envolvendo seus familiares. Sonhos que sempre se realizam.
Nos primeiros sonhos Leo escolhia aqueles de prenúncios desagradáveis e tentava, em vão, junto aos seus familiares, ações contrárias as que poderiam acontecer, não obtendo êxitos.
Saber o futuro, não está com nada, pra ninguém. Muitos até adoeceriam ou morreriam antes mesmo da hora. Para nosso bem, é imprescindível ignoramos o que acontecerá no próximo segundo.
Leo gostaria e muito que não ocorressem mais desses sonhos. Sente-se incomodado a ponto de, numa hora dessas até adoecer. Sendo assim roga aos céus: mais sonhos, não, por favor.
Não obstante esse apelo, ocorreu, faltando dois meses para o aniversário da Dani, o mais preocupante dos sonhos: o de que não haverá comemoração do aniversário da Dani Foi um tiro no pé, Leo simplesmente desmoronou.
Nada disse a Dani, sobre o sonho, apenas questionou sobre a saúde dela, mesmo sabendo boa. Ainda verificou as possibilidades de acidentes quer no trabalho quer em sua casa, tudo normal. Passou a levar e buscar de carro a Dani na Faculdade.
Apesar da realização, até agora, de todos os seus sonhos, a esperança do Leo é a do adágio popular de que toda regra há exceção. Mas, será que há mesmo?!... Tomara, mil vezes tomara.
Sua vida tem sido bem conturbada. Desagradável até. Não há um dia em que não pense, mas por quê isso? Emagrece a olhos vistos. Sente-se tonto, sem apetite e com insônias.
Na sexta-feira à noite, véspera do aniversário da Dani, o Leo esteve na casa da amada, até bem tarde, tratando dos preparativos do aniversário. Dani achou-o muito tenso e nervoso, pensou ser o resultado das últimas semanas de afazeres nos preparativos do aniversário.Despede-se, afirmando que, no outro inesquecível dia, virá se encontrar com ela pelas dez horas, do dia seguinte.
Em casa, Leo, exausto não está conciliando o sono. Pensa quando esses malfadados sonhos irão parar? Quando meu Deus? Aguentar tudo isso não está sendo nada fácil.
Na manhã de tão esperado dia do aniversário a Dani recebe em sua casa um buquê de flores do campo, com uma bela e singela declaração de amor eterno, do amado Leo. Dani é só felicidade.
Passados trinta minutos das dez horas, Leo não aparece e não atende o telefone, então a Dani e seus pais resolvem ir até a casa dele.No condomínio se identificam e transmitem para os funcionários da portaria suas apreensões. Condôminos que se encontravam lá papeando. após caminhadas se oferecem para acompanhá-los, um deles é o médico doutor Aldo. No percurso o doutor Aldo ao passar por sua casa, pega sua valise de trabalho.
Chegam à casa, chamam atenção o chuveiro ligado e em particular a água fluindo pela soleira da porta. Como têm as chaves da casa, abrem-na. O tio e o médico vão na frente. Encontram o Leo caído no banheiro, com um corte e um hematoma na cabeça.
- Oi tio, oi doutor Aldo que bom que vieram-diz o Leo. Caí quando vim tomar banho. Estou sem forças pra me levantar. Como está a aniversariante a minha amada e querida Dani?
Nesse instante mãe e filha em convulsivos choros chegam onde se encontra o Leo, uma se apoiando na outra, a tempo de ouvirem o que o Leo dissera.
- Estou aqui amado meu. Tudo vai passar. Logo estarás bem, se Deus quiser.
Leo é conduzido até o quarto. Doutor Aldo afere seus sinais vitais, administra os primeiros socorros não o permite dormir e o argui com perguntas que exigem raciocínios lógicos. Logo que o Leo melhora aconselha que ele vá para um hospital. Doutor Aldo, faz questão de o leva em seu automóvel, junto seus tios e a Dani.
Mais uma vez a constatação de um sonho que se realiza, não haverá comemoração do aniversário da Dani.
Ainda no hospital, mais um sonho: a promessa de que nunca mais ocorrerão sonhos com familiares, nos moldes de antes e o principal, que fez com que se sentisse um homem plenamente realizado: casará com a Dani e a vida será só felicidade.
Após dez dias de intenso e dedicado tratamento hospitalar, Leo está voltando para casa cercado de todo carinho dos tios e bem abraçadinho com a sua amada Dani. Exultante de gratidão e alegria pela dádiva de amar a Dani hoje e sempre e por toda a eternidade.