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Bairro

B

Silvia C.S.P. Martinson

 
Vivia, quando criança, em um bairro afastado do centro da cidade que era a capital do estado. Na verdade era a última rua habitada daquele bairro que se chamava Passo da Areia.
Levava este nome porque um pouco mais distante, em tempos muito antigos, ali passara um riacho de águas límpidas margeado por areias muito brancas, assim me contaram.
 
Sobre este riacho pairava uma lenda muito bonita que contava a história de uma índia que em disputa com outra havia perdido o amor de sua vida e por tanto chorar de tristeza, de suas lágrimas, resultou o riacho que ali existe até hoje. Porém por ser tão forte a correnteza e a cidade ter crescido tanto foi o mesmo encanado a fim de unir os bairros que se expandiram.
 
Resta desta lenda a escultura que mostra Ubirici, a índia, a chorar.
 
Diante da estátua se localizava um centro de saúde que atendia às necessidades daquela região e ao qual muitas vezes fui levada por meus pais. O bonde então aquela época tinha ali seu fim de linha.
 
A nós crianças era um prazer seguir até ali para então voltar à casa atravessando um parque arborizado que se encontrava em meio a um condomínio, se assim podemos denominá-lo, chamado de IAPI. Ali foram feitos vários edifícios para habitação e destinados aos assegurados Inativos Aposentados do Instituto de Previdência. Daí o seu nome IAPI.
 
Esta praça que é dedicada ao lazer e para a prática de esportes chama-se Alim Pedro, pelo que me recordo. É bonita, nela há um declive muito arborizado que permitia uma sombra agradável aqueles que queriam ali desfrutar de momentos de paz e tranquilidade e também uma boa visão do campo de futebol que se localizava mais abaixo e onde aos fins de semana sempre havia um campeonato ao qual os aficionados também compareciam para apreciar e torcer.
 
Em um edifício deste grande complexo nasceu Elis Regina, cantora desde criança que se apresentava nas matines aos domingos e que ficou famosa por sua voz e estilo inolvidáveis, em todo país e até no exterior.
 
Lindas músicas gravou e nos deixou até sua morte, infelizmente prematura, restando-nos uma saudade eterna de ouvi-la.
 
Na última rua da cidade de Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil eu nasci e me criei. Chamava-se Dr. Eduardo Chartier em homenagem a um grande médico de antanho.
Ali me eduquei junto a minha família a quem a música e o teatro e a educação eram cultivados com amor e respeito
 
Ali cresci tendo por hábito sonhar de olhos abertos - em uma casa com amplo pátio, muitas árvores de frutas diversas e flores abundantes cultivadas por minha mãe - pelo que muitas vezes fui chamada a atenção por ela que dizia:
- Silvia para de sonhar e estuda!
 
Tinha então razão, naquela época, por certo.
Estudei como queriam me tornei advogada, às minhas expensas trabalhando. Formei-me com distinção e exerci minha profissão com denodo e muito trabalho.
 
Todavia, continuo a sonhar, a imaginar e em mil ilusões a criar meus contos, poesias e personagens.
 
É por isto que admiro a Natureza, os homens em sua complexidade, a vida em sua total beleza.
Motivo pelo qual sempre escrevo com muita paixão. Talvez o faça até o fim, quem sabe...

O velho intolerante

O

Silvia C.S.P. Martinson

Ele foi jovem como qualquer jovem.
 
Brincou, riu, cantou, se apaixonou, desiludiu-se e voltou a apaixonar-se muitas vezes.
Foi chamado a atenção por seus pais e superiores muitas vezes. Algumas com razão, outras não.
 
Foi trabalhar muito cedo, havia necessidade. Seus pais não eram ricos. Tinha que tratar de sua subsistência e de sua família. Eram muitos irmãos.
 
Estudou, formou-se.
 
Fez um concurso público e foi trabalhar na Telefônica, galgou por competência, rigidez e esforço cargos relativamente importantes.
Por fim enamorou-se de uma colega, que lhe pareceu bonita o suficiente e com ela veio a casar-se.
 
Tiveram filhos.
 
Educou-os a sua maneira.
 
Proporcionou-lhes a escolaridade necessária a que pudessem trabalhar e progredir com menos dificuldade que ele.
 
A mulher acompanhou-o em sua caminhada, sendo-lhe companheira e ajudando-o nas lides domésticas quanto na educação dos filhos, como sói acontecer com algumas mulheres de sua terra.
 
Ao todas, porque há seu tempo às mulheres não se educavam e também não demonstravam muito ânimo de fazê-lo. Não consideravam que educação e trabalho fora de casa fossem importantes.
 
Conformavam-se em casar e exercer a função de mães, esposas, as vezes amantes e empregadas domésticas , submissas à vontade do marido, aos seus apetites e caprichos.
Deve-se isto a sua total dependência financeira.
 
Consequentemente lhes apavorava e até hoje à algumas, sair às ruas para trabalhar e serem independentes. Muitas vezes sofrendo humilhações, maus tratos e desprezo por parte dos maridos.
 
E assim a vida deste homem transcorreu com altos e baixos.
 
Envelheceu.
 
A mulher outrora bonita tornou-se gorda e desinteressante a seus olhos.
Ele por sua vez, ficou cada vez mais implicante e aborrecido.
 
Todos lhe pareciam errados, os jovens de agora os tinha como mal educados, a todos criticava, olhando somente, segundo seus conceitos, o lado negativo das pessoas.
 
Não lhe vinham à boca elogios ou palavras amáveis às outras pessoas. E se o fazia era somente com o intuito de arrebanhar adeptos para não se sentir tão isolado e só no mundo.
 
A solidão o aterrorizava.
 
Um dia um trio de jovens franceses estava na praia muito cedo. Provavelmente não haviam dormido e vieram encerrar a noitada naquele lugar aprazível.
 
Estes meninos não faziam mal a ninguém, cantavam e expandiam a sua juventude, felizes e indiferentes a quem passava.
 
Por uma mulher que lhes ouvia encantada foram solicitados a cantar o hino de sua terra.
Contentes acederam ao pedido e cantaram com respeito e dignidade, as mãos no peito, a Marselhesa.
 
Ela recordada de sua juventude na escola os acompanhou até o fim.
 
O homem aborrecido com o que via e ouvia tentou lhes criticar.
 
A mulher contestou ao implicante lhe dizendo:
- A nós os velhos, nos causam estes jovens muita inveja, porque são belos, têm saúde, vitalidade e acima de tudo lhes resta ainda o senso de liberdade que somente a inocência da juventude lhes impregna e permite.
 
Quanta inveja a nós decrépitas criaturas eles nos causam!
 
O homem calou-se e não voltou a falar.
 

SÓ TINHA 7 ANOS QUANDO PERDEU SEU BRACINHO

S

PEDRO RIVERA JARO 

TRADUZIDO AO PORTUGUÉS POR SILVIA C.S.P. MARTINSON

 
Minha prima Victóri era a filha ais velha e única de seis irmãos, filhos de meu tio Perico e de sua esposa, minha tia Julia. Foi a loja de mantimentos comprar lentilhas, como ordenou sua mãe. Somente tinha 7 anos, porém sua mãe tinha que cuidar dos outros pequenos que já tinha no mundo.
 
Cruzou a rua Marcelo Usera por onde subia e baixava o bonde da linha 37 e entrou na loja do Tio Ratón que rea como se chamavam o dono da loja.
 
Comprou meio quilo de lentilhas, as pagou com o dinheiro que sua mamãe lhe havia dado e empreendeu o regresso à sua casa, para o que tinha que voltar a cruzar Marcelo Usera.
 
Um caminhão carregado subia a colina procedente da Glorieta de Cádiz e passou pela frente de Victori quando ela acabava de sair da loja. Aqueles caminhões, daquela Espanha, não tinham a potencia e a velocidade dos caminhões da atualidade. Subiu trabalhosamente aquele caminhão pela frente dela e quando terminou de passar ela cruzou a rua correndo sem dar-se conta de que um bonde baixava em grande velocidade e a colheu derrubando-a ao solo e onde lhe cortou o bracinho esquerdo na altura entre o ombro e o cotovelo.
 
Minha mãe que adorava a Victori ficou absolutamente aterrada quando recebeu aquela terrível noticia. A menina sofreu intervenção cirúrgica de imediato e salvou a vida, ainda que para sempre ficou manca de seu braço esquerdo.
 
Cresceu sem seu bracinho, porém conservou intacto seu espírito, sua vivacidade e sua alegria.
 
Ao largo dos anos aprendi a observá-la conservando sua coqueteria e neste sentido ocultava a falta de seu braço com roupas que lhe tapassem, como por exemplo: vestia um cardigã sobre os ombros sem colocar seu único braço na manga.
 
Desenvolveu habilidades impensáveis para os que temos a sorte de conservar ambos os braços, como por exemplo, lixar as unhas de sua única mão sujeitando entre os joelhos uma caixinha de fósforos cujo raspador era a lixa. E o que não podia lixar assim o conseguia pondo-a entre os dentes a maneira de sujeitar.
 
Era incrível vê-la fazer ponto com lã sujeitando uma das agulhas sob o toco que ficara de seu braço esquerdo.
 
Porém, o mais incrível de Victori sempre foi seu espírito positivo, sua reação ante tantas dificuldades que a vida trouxe até ela. Tinha um talento nato para cantar fandangos de Huelva e se acompanhava dando palmas com sua única mão sobre seu músculo direito.
 
Não havia tristezas a seu lado, sempre tinha piadas para fazer-nos rir a todos e sempre se interessava por conhecer as coisas particulares da vida dos membros de nossa família .
 
Sempre acompanhava aos atos sociais da família, tais como, bodas, batizados, comunhões e mortes. Se algum familiar sofria uma operação cirúrgica ali estava Victori dando sua companhia.
 
Por desgraça o COVID 19 nos arrebatou-a. Que descanse em paz e siga vivendo em minhas recordações.

Marilu

M

Silvia C.S.P. Martinson

 
Belo domingo de sol.
Vinha ela pela praça - cheia de gente, crianças a correr,alguns sentados ao sol, proseando, tomando chimarrão, confabulando, trocando beijos e juras de amor eterno – andar descontraído, de quem está acostumado a caminhar.
Vestia légs brancas e blusa azul soltinha, era do tipo baixinha, bem produzida, cabelos castanhos, profusos.
Quem a visse de longe diria tratar-se de uma jovenzinha. Não era.
Sentou-se ao meu lado no banco da praça e logo entabulou conversa:
- Tudo bem? Belo dia!
- Realmente! Bastante quente para a época!
Fiquei pensando: lá vem outra mala puxando conversa só para bisbilhotar da minha vida. Se sou casada, se tenho filhos, netos, moro aonde e até se sou mal amada... Ledo engano o meu.
Nós aqui do Sul somos muito reservados e até desconfiados com estranhos, apesar da tão propalada hospitalidade sulista. O gaúcho é um ser solitário por natureza, observador e vigilante quanto às novas amizades e às pessoas muito espontâneas.
Tipo maneiro ela, não era a jovem que pensara eu. Talvez beirava os 70 anos. Mas que setenta! Aja Deus!
E foi discorrendo com intimidade:
- Sabes, eu tenho uma filha morando lá em Natal. Sabes onde é? É casada. Filha única.
Tenho uma neta com 16 anos.
Fui recentemente morar lá, minha filha insistiu...
Fiquei uns seis meses e voltei.
Não gostei do clima, não gostei do povo. Coitados!
Aqui tenho muitas amigas com quem saio e me divirto
Sou separada...
Tive quatro maridos ou companheiros, alguns amores, não deu certo, vá lá!
Agora tenho um companheiro.
Ele não gosta de sair ou viajar que nem eu.
Nestas alturas eu já estava interessada na história dela, com a curiosidade aguçada e lhe fiz uma pergunta a fim de dar seqüência à narrativa.
- E aí como é que você faz? Perguntei!
- Ora, ele até é legal, cuida bem dos meus gatos. Tenho sete. Adoro gatos!
O coitado, o nome – o nome de dele é Airton – não quer me acompanhar nas viagens, gosta mais da casa e cuida bem dela, quando não estou cozinha, lava e passa. É um amor de criatura!
Adoro viajar!
Não me prendo a lugar nenhum por muito tempo, nem a ninguém, sou e sempre fui assim, andarilha.
Ele sabe...
Ainda bem que não fiquei em Natal pois que minha filha arranjou serviço também em São Paulo juntamente com meu genro. Eles têm uma rede de lojas que precisam administrar.
Aí eu teria que ficar lá sozinha cuidando da neta. Vê só se pode! Longe do meu apartamento!
Tenho uma bela cobertura! Dos meus gatos, de minhas amigas, do coitado do Airton!
Ainda bem que levei pouca bagagem, não fiz a mudança completa.
Indaguei:
- Mas aqui o que você faz?
- Quando estou enjoada do Airton, de casa, ligo para as minhas amigas e saímos para nos divertir.
Vamos beber, dançar, ir ao cinema, shoppings e praças. Depende do dia e da disposição.
Continuei a encorajá-la dizendo:
- Ah... A propósito nem nos apresentamos. O meu nome é Fênix e o seu?
- Marilu é como me chamam. Na realidade é Maria Luiza, mas não gosto, é complicado... Prefiro Marilu.
- Ok. Marilu. Prazer...
E ela segue:
- Olha tá vendo aquele senhor que passou? É meu conhecido. Ele está voltando. Espera...
- Oi! Tudo bom?
- Tudo bem!
Cumprimentam-se. Ele a olhou com intensidade.
- Viu! Ele faz parte da minha turma, mas contigo aqui ficou indeciso de chegar. Ele é um amor! Sozinho como eu!
Ah! Eu digo:
- E daí?
- Mas como te dizia o Airton é um pouco mais jovem do que eu, mas isso não tem importância não é?
Ela não espera resposta e segue:
- O que vale são as afinidades certo?
- Realmente Marilu!
Seus muitos colares, pulseiras, anéis e brincos cheios de pedrarias – até uma gargantilha com borboleta ela tinha – rebrilhavam ao sol da manhã enquanto se movia gesticulando as bijuterias.
Os óculos grandes de sombra lhe escondiam os olhos e parte das muitas rugas que lhe vincavam o rosto, devidamente disfarçadas por uma camada de base e pó. O sorriso era bonito, dentes bem cuidados.
Teria sido uma mulher muito atraente e bonita quando jovem.
Seu espírito era vivaz, transpirava alegria e temperamento determinado quando falava.
Eu a ouvia.
- Olha lá! Disse ela.
Lá vem o pobre do Airton
Ele chega, senta-se ao lado dela, sorri. Os dentes manchados de nicotina e falhados. A barba por fazer. Desalinhado. Mais jovem que ela, talvez uns 50 anos.
Cochicham e riem.
Ela me apresenta.
- Airton esta é Fênix!
- Prazer.
- Prazer...
Senti-me naquele instante demais ali. O universo naquele momento girava somente em torno dos dois.
Então lhes disse;
- Marilu, agora deixo vocês. Tenho um compromisso, preciso ir.
Prazer em lhes conhecer, felicidades...
- Prazer Fênix!
Deixei-os e quando me voltei não estavam mais lá. Iam ao longe, ela de calças brancas bem ajustadas, uma garota...
Ele de mãos dadas com ela, abrigo surrado, tênis cambaio.
Pareciam felizes!
Afinal ele cuidava bem dos gatos dela e isso é o que importava.
De resto...
Figura ímpar aquela Marilu.
Valeu a pena conhece-la.
O domingo estava salvo!
O sol brilhava e segui meu caminho. Quem sabe alguma nova reunião interessante surgiria, pensei, quem sabe…

Sombras

S

Silvia C.S.P. Martinson

Eram dois.
 
As árvores já apresentavam nova brotação, as roseiras já floreciam.
 
O ar era leve e o perfume das flores se espalhava trazendo mais frescor ao mesmo tempo em que as abelhas, em profusão, voavam em busca do néctar tão precioso. Era primavera.
 
O céu de azul intenso confundia-se com o verde das árvores, atraindo aos olhos dos passantes um multicolorido sui generis.
 
Eles caminhavam lentamente.
 
Observavam tudo com atenção enquanto ele explicava a ela a história daquele parque, por quem e porque fora criado, detendo-se em cada lugar onde o tempo e os fatos deixaram suas marcas.
 
Ela ouvia, atentamente, porque com ele conseguia viajar no tempo.
 
Ele lhe descrevia os detalhes, as nuances e os fatos ocorridos em cada sitio. O fazia de forma tão natural como se ali estivera e vivivenciara tudo em seus mínimos detalhes.
 
Ao mesmo tempo os dois embevecidos usufruíam da presença mútua um do outro.
 
Era um momento de intensa ternura e encantamento e que os fazia sorrir ante tanto envolvimento.
 
Havia como um que de lembranças aflorando às suas mentes.
 
Caminhavam lentamente.
 
Ao aproximarem-se de um portal que dava acesso ao parque depararam com uma placa que há via no solo.
 
O sol agora estava forte.
 
O passeio tão ansiado, programado e permitido estava no fim. Eles o sentiam e anteviam a dor da separação sem, no entanto, comunicá-la um ao outro.
 
Caminhavam lentamente.
 
Dirigiram-se até a placa, olharam a data nela inserta. A memória se lhes aclarou, entenderam enfim que retornavam ao lugar onde sempre se encontravam quando queriam estar juntos, isso a muito e muito tempo.
Por sobre a placa beijaram-se e concluíram o que se passava finalmente.
 
Eram tão somente... duas sombras do passado.

Pensa mal e acertarás

P

Pedro Rivera Jaro 

Traduzido ao portugués por Silvia C.S.P. Martinson

  Se algo eu aprendi ao largo de meus 74 anos de vida, há sido desconfiar de políticos e por adição de governantes de qualquer signo político.

Recordo que sendo um menino, me contava um senhor ancião, de cabelos e bigodes brancos, que quando da guerra de independência de Cuba, a intervenção oficial norte americana começou devido à explosão e imediato afundamento do encouraçado Maine pertencente aos Estados Unidos da América do Norte, estando fundeado na baia de Havana em águas de Cuba.

Essa foi à escusa, o detonador, para intervir sem tabus na guerra de Espanha com os independentistas mambis de Cuba. E já de passo se somaram Porto Rico, Filipinas e a ilha de Guam a insurreição e posterior influência norte-americana sobre estes territórios.

Conhecemos, todos, a situação política posterior de todos estes territórios onde os Estados Unidos tiveram predomínio, exceção a Cuba, donde veio o pombo cuca, e na qual, desde os primeiros cinquenta anos, Fidel Castro e seus guerrilheiros em Sierra Maestra se apoderaram da Pérola do Caribe e aí seguem com seu regime comunista.

Os Estados Unidos ocuparam Guantánamo em 1898. Legalizaram essa ocupação no Tratado USA-Cuba de 1903, conseguindo jurisdição, porém conservando Cuba a soberania definitiva.

A realidade era que para a Espanha não lhe interessava provocar ao gigante norte americano, porém pode ser organizado pelos independentistas cubanos, com o objetivo de agitar a opinião pública americana e promover a intervenção norte americana em conflito
O proprietário do diário The World e de outros muitos periódicos, William Randolf Hearst que havia visitado Mine quatro dias antes de seu afundamento.

Depois da explosão se comprovou que não haviam peixes mortos ao redor, ou seja, que não havia indícios de explosão exterior. A explosão foi interior e produzida por um acidente ocorrido pela combustão espontânea de carvão, que se transmitiu â pólvora negra que formava parte da carga e também à munição , provocando a explosão e o imediato afundamento do encouraçado.

Em 1975, uma equipe de expertos dirigida pelo Almirante Hyman Rickover, criador da Marinha de Guerra Nuclear, concluiu que a explosão foi interna e que os oficiais do barco não obraram com as devidas cautelas. Houve outros investigadores que chegaram a igual conclusão.

Dito isto e referindo-nos ao conflito gerado pelo ataque de Hamás, como pode ser que entre um contingente armado em território israelita, que está fortemente militarizado e com preparação de reação a ataques terroristas, atuem livremente sobre uma multidão de milhares de jovens assistentes a um grande espetáculo musical? Não havia nenhuma vigilância que pudesse reagir?

Assassinar a 1.200 pessoas e centenas de feridos e sequestrados, sem encontrar resistência no mesmo país que faz poucos dias há reagido ao lançamento de 300 misseis e drones, conseguindo sua destruição quase a 100 por cento. É possível crer sem ter um mínimo de desconfiança?

Ao menos deveríamos de pensar, os que tenham um grama de cérebro.
A imprensa e demais meios são convenientemente silenciados pelo poder político e habilmente dirigidos até onde convém aos que mandam.

Sempre há sido assim, segue sendo e seguirá pelos séculos dos séculos, enquanto o homem seja homem.

A quem convém tudo o que está passando no Oriente Médio?

Miragem

M

Silvia C.S.P. Martinson

Em uma noite quente, de calor escaldante, ele sonhou, sonhou acordado.
 
Viu uma paisagem longínqua, de muito verde e de flores coloridas.
 
Criou coragem e pelos bosques caminhou, lentamente, sem pressa.
 
Movia-lhe uma curiosidade forte que não sabia de onde vinha e nem porque a sentia.
 
A lua derramava seus raios sobre tudo e as sombras na penumbra se moviam.
 
Pensou... Seriam elas reais ou fruto de imaginação sua.
 
Porém com o seu andar pelas cercanias, descobriu que as sombras eram verdadeiras.
Tinham forma, tinham cor, oscilavam, caminhavam.
 
Eram seres vivos que na noite se entretinham.
 
As árvores tinham vida a às flores cumprimentavam ais quando estas então lhes sorriam.
 
O chão por onde pisava ao seu contato exclamava:
- Pisa mais leve, por favor! Se possível voa, para não me causares mais dor!
O pasto sorridente lhe disse:
- Eis-me aqui felizmente! Sirvo para alimentar muita gente.
Ele surpreso então perguntou: a quem das de comer?
- a quem alimentas tu?
Este, ingenuamente respondeu:
- Alimento as formigas, as lagartas, desde a noite dos séculos, para que elas há seu tempo, como borboletas enfeitem os dias com suas cores luzentes.
 
E as sombras se moviam dando passagem ao intruso que no bosque adentrava cada vez mais espantado.
 
Os pássaros cantavam saudando a lua que cada vez mais a tudo clareava.
 
Até que como luz etérea ela, surgiu do nada.
 
Deslumbrou-o com seu olhar, como se a muito lhe conhecesse.
 
Ele pasmado, assombrado pelas lembranças, neste momento recordou-se.
 
Em passado distante a conhecera.
 
Era a mensageira protetora e amiga, sua fada madrinha, sua eterna companheira. A inspiração de seus dias.
 
Estendeu-lhe esta, as mãos e o convidou a segui-la.
 
O sonho virou realidade, para ele, e definitivamente, depois de tanto tempo, de muita dor e sofrimento, na noite eles seguiram, pelo resto de suas vidas.
 
E neste momento em que os dois finalmente consumam seu amor, com beijos e carícias por tanto tempo guardadas, ouve-se um som de trombetas, são os anjos que se acercam e dizem amém.
 
Ele então embevecido, ainda, ouve um som mais forte e estremece, é uma campainha a tocar.
 
Retorna de seu sonho e cambaleando vai à porta atender, não era ninguém.
 
Dá-se conta que sim, era o telefone que não parava de tocar.
 
Atendeu-o.
 
Era sua ex-mulher que por estar, ele, com a pensão atrasada, os filhos com fome, a escola sem pagar, passa então a vituperar maldizendo-o, por incompetente e estar sempre acordado a sonhar.
 
O idílio tão lindo, agora se desvanece, as ilusões somem da memória e se perdem para sempre, nesta vida, pelo ar.

A guerra da Melilla em 1909

A

Pedro Rivera Jaro

Traduzido para portugués  por Silvia C.S.P. Martinson

 
Uma das guerras da Espanha no Marrocos ocorreu em 1909. Para essa guerra, como para todas as guerras, o povo contribuiu com seu sangue mais jovem e também com seus oficiais militares mais corajosos, como o Capitão Melgar.
 
Os políticos causam guerras e os filhos do povo, que não têm dinheiro para pagar a Bula de Salvação e evitar o recrutamento, derramam seu sangue em defesa dos interesses de algumas pessoas poderosas que nem sequer conhecem. Tudo isso em nome da "pátria".
 
Bem, meu avô paterno, Apolônio, que na época tinha 21 anos, era um desses jovens.
Quando eu tinha uns 12 anos, meu avô devia ter uns 74 anos, e devido a uma insuficiência de seu suprimento de sangue, durante as noites ele sofreu episódios que o fizeram chamar sua mãe durante o sono, gritando e acordando minha tia Lucia e minhas primas Isabel e Rosita. Para compartilhar este pequeno aborrecimento, porque o resto do tempo meu avô era uma pessoa muito carinhosa com sua família e muito apreciada pelos vizinhos e amigos, os cinco filhos, ou seja, meus tios e meu pai decidiram acompanhá-lo todas as noites por sua vez, para que o resto da família pudesse descansar.
 
O problema surgiu porque meu pai e meu tio Victor eram ambos condutores de caminhão e às vezes dormiam enquanto dirigiam podiam interromper a concentração necessária para dirigir um caminhão, como aconteceu em uma ocasião com meu tio Victor, que saiu da estrada e felizmente não tivemos que sofrer nenhuma conseqüência séria. Para evitar isso, nós netos, quando era estritamente necessário que nosso pai ou tio dormisse, acompanhávamos nosso avô durante a noite, para cuidar dele com todo o carinho que nossos mais velhos merecem.
 
Meu avô não costumava falar muito, mas de vez em quando ele dizia algo, sempre com muito carinho e um sorriso no rosto. Ele chamou carinhosamente meu pai de "el Negro" (o preto), porque seu cabelo e sua pele eram escuros e bronzeados pelo sol. Ele costumava dizer que sempre foi diferente de seus irmãos. Outra memória que tenho, talvez uma das mais antigas da minha vida consciente, foi num dia ensolarado e bonito, quando meu pai e meus tios estavam em um campo no que é hoje a Cidade dos Anjos, em Madri, e meu avô estava comigo, enquanto colhiam grão de bico no campo, meu avô me levou sob um grande tanque de água, cujos suportes eram colunas de ferro, e lá ele tirou sua boina preta, que sempre usava na cabeça, e pegou minha mão, tirando de dentro da boina um grilo preto, que ele queria que eu pegasse na mão, mas que me assustava. Seu sorriso estava completo, sua boca e seus olhos estavam iluminados, e falando comigo muito suavemente ele me disse: não tenha medo filho, olhe, não faz nada. Veja como eu o tenho? Meu medo desapareceu e peguei o grilo, e depois de um tempo o soltamos, para que ele pudesse continuar vivendo livre. Ele também me contou, durante uma noite que eu o vigiei e o acordei, sobre quando ele estava lutando na Guerra de Melilla, onde quase morreu da peste e da luta com os Kabileños.
 
Ele era um embalador, ou seja, era responsável pelo cuidado e manuseio das embalagens e mulas, que eram o meio de transporte fundamental naquele terreno acidentado, para as armas pesadas, munições e outros suprimentos em geral necessários naquela situação. Todos os dias ele tinha que levar as mulas para beber água em uma nascente, a qual tinha que ser acessada descendo por um barranco, no fundo do qual se encontrava o regador. Do alto das colinas que bordejavam o barranco, os Kabileños escondidos disparavam seus rifles contra os soldados espanhóis abaixo, causando muitas baixas.
 
Meu avô costumava me dizer que ele se aconchegava a uma das mulas, cobrindo-se atrás da cabeça, pescoço e pernas do animal, servindo assim como um parapeito. Essa ravina se chamava del Lobo.
 
Naquele momento eu entendi a canção que eu ouvia as meninas cantarem quando eu era mais jovem, enquanto elas saltavam na corda: "En el Barranco del Lobo/// hay una fuente que mana/// sangre de los españoles// que murieron por España.// Pobrecita niña // ¿cuánto llorará? // al ver su novio// // que a la guerra va. //Ni me peino ni me lavo//ni me pongo la mantilla//hasta que vuelva mi novio//de la guerra de Melilla//Pobrecita niña//? Cuánto sufrirá//pensando en su novio//que en la guerra está//

Outra coisa que ele me disse como foi resgatado de entre os mortos e os desalojados pela peste por um compatriota, colega e amigo dele, cujo nome não lembro, embora seu sobrenome fosse Ramos, quando os enfermeiros o levaram para um quartel onde jogavam os mortos vítimas da terrível peste que irrompeu entre os membros do exército espanhol na África.
 
Quando seu amigo Ramos pôde ir vê-lo no alojamento e descobrir que havia sido levado ao necrotério, ele disse que isso não poderia ser, pois que pela manhã ele o havia visto se recuperar, lenta mas seguramente. Não satisfeito com a situação, ele foi até o necrotério e verificou que a porta do necrotério estava trancada, mas encontrou uma janela que não estava devidamente fechada, e através dela entrou. Ele procurou meu avô lá até encontrá-lo, e verificou se ainda estava vivo. Ele o carregou de costas e o arrastou até a janela, levando-o para fora e carregando-o para o alojamento com a ajuda de outro colega que o esperava do lado de fora do necrotério.
 
Esse tremendo gesto de solidariedade, amizade e companheirismo, sempre teve em mente e sem ele, provavelmente eu não existiria e não estaria contando esta história para vocês. Meu avô Apolônio foi curado e viveu até os 80 anos de idade. Aquele amigo que literalmente o trouxe de volta dos mortos costumava visitar a casa de meu avô em Madri e eu costumava vê-lo quando era um garotinho, mas não sabia então o que lhe estou dizendo, que foi a origem e o fundamento de sua grande amizade que durou até sua morte.

Recordações

R

Silvia C.S.P. Martinson

Ele caminhava na tarde que se fazia muito fria.
 
As recordações lhe vinham às vezes aos poucos, outras aos borbotões impregnando sua mente com fatos e imagens do que se passara a muito tempo e não sabia bem porque acontecia isso naquele instante.
 
Lembrou os tempos de Ginásio, quando na aula de francês escreveu uma poesia e o professor duvidou que fora ele que a escrevera, todavia até provar o contrário lhe deu 10, nota máxima à época.
 
Já em Latim era muito bom, gostava da matéria e o professor era ótimo. Recordou então que talvez estivesse predestinado a ser padre ou então advogado. Optou por esta segunda hipótese.
 
Fez seu exame vestibular à Universidade e o idioma que escolheu como prova a ser submetido foi o francês. Foi bem sucedido, traduziu um texto do escritor francês Vitor Hugo.
 
Naquele tempo as escolas, mesmo as públicas eram muito boas e o ensino qualificado.
 
A educação era bastante completa, ali se estudavam as matemáticas em suas diversas formas, idiomas como o Francês, o Inglês e o Latim eram obrigatórios até ao final do curso, desenho artístico e geométrico também o eram assim como, História Geral e Nacional e Geografia do mesmo modo. Música em teoria e canto orfeônico faziam parte do curriculum escolar tanto quanto as classes de ginástica.
 
No Dia da Pátria as escolas conduziam os alunos para as grandes avenidas da cidade onde eram realizados os desfiles acompanhados pelas bandas de música da escola, evidentemente com os alunos devidamente uniformizados.
 
Cada escola queria ter uma banda de música mais completa e melhor que a outra.
Havia de certa forma uma competição neste sentido.
 
De repente estas lembranças se evaporaram de seu pensamento e deram lugar às dos tempos da Universidade, quando as ilusões se apagaram e deram lugar a dura realidade que era estudar à noite e trabalhar de dia. A Faculdade de Direito simplesmente lhe apaixonou.
 
Ali desenvolveu suas reais aptidões. Foi um aluno, assim pensava e acreditava, quase brilhante, tanto que para sua formatura foi convidado a fazer o juramento de sua turma. Juramento este composto de vários itens que poderia sintetizar dizendo que se destinava a exercer a profissão com denodo, ética e respeito aos ditames das leis.
 
Durante o período universitário teve vários professores com capacidade e desenvoltura em suas matérias, assim como, também os teve com graves defeitos tanto de cultura como falta real de conhecimento jurídico do que estavam tentando transmitir, o que causou embaraço e desinteresse por parte de alunos, que na verdade eram todos adultos vindos das mias diversas profissões e que por seu trabalho necessitavam estudar à noite.
 
Voltaram, naquele momento, também à sua memória os colegas que ali conhecera.
 
Recordou de um político que fora Secretario em outro município e que chegava às aulas com todo seu séquito de assessores, sendo que alguns deles mais velhos e mais sábios que ele.
Este homem era conhecido por sua petulância e soberba e também por maus tratos à sua mulher e subalternos.
 
Ele teve inúmera faltas às classes o que lhe ocasionou ser reprovado aquele ano. Tentou corromper os ditames da faculdade usando de seu poder político, o que não foi aceito naturalmente por ser uma Universidade ciosa de seu histórico, onde inclusive para passar de ano as notas mínimas eram mais altas que nas demais Faculdades.
 
O mínimo que o aluno tinha que tirar para passar de ano era 7 na média de cada matéria.
Os assessores idôneos deste homem o abandonaram depois e continuaram a estudar nesta Universidade. Ele inconformado procurou outra que lhe favorecesse os interesses.
 
Em caminhando ele ainda recordou das colegas mulheres que à época a estudar Direito não eram tantas e lutavam bravamente contra os preconceitos e também assédio dos colegas homens quando então, alguns, se pensavam muito machos e irresistíveis.
 
Lembrou-se da colega Vania, uma linda morena, que foi assediada por um colega mal educado e ao qual deu uma resposta inesquecível enquanto caminhava acompanhada por outra moça, na hora do descanso entre classes.
Assim disse o galã a ela:
- Esta noite querida vou dormir contigo!
Ao que ela respondeu imediatamente:
- Realmente assim se vai passar, porque, se fosses homem verdadeiramente, comigo ficarias acordado!
 
Ela começou a rir-se e com ela todos os demais colegas homens que ali se encontravam.
 
Pessoas inteligentes e perspicazes e possuidoras de uma rapidez mental com tendência à ironia sempre se sobressaem entre seus pares.
 
O galã era e continuou sendo um ser insignificante, sem maior expressão, tanto nos estudos quanto depois na vida profissional.
Já Vania foi com sua inteligência e perspicácia uma advogada brilhante e bem sucedida.
 
As lembranças foram aos poucos sendo substituídas naquele homem pela atenção que merecia sua caminhada naquela tarde fria, onde a necessidade de um abrigo seguro se fazia mais do que premente.

As avassalladoras

A

Silvia C.S.P. Martinson

Ela estava na praia por volta das 7,00 horas da manhã.
 
Na areia havia poucas pessoas.
 
O mar estava calmo, verde, águas límpidas, o sol surgia no horizonte clareando o dia, aquecendo as águas, a terra e aos homens de boa vontade e aos de má vontade também.
 
O Sol nasce para todos.
 
Havia motivos para chamar alguns de: homens de boa vontade. Isto se dá porque ao invés, há pessoas que amanhecem de mal consigo mesmas e por consequência com o mundo.
 
Que lástima!
 
Poderiam, estas, se sorrissem seriam mais felizes se não se preocupassem tanto com a vida alheia.
 
Após estas breves considerações sigamos com a nossa narrativa. E assim se passou. Eis como ela a quem conheci na praia me contou:
 
- Pois que assim que cheguei, carregada com a minha cadeira de praia, guarda-sol e uma bolsa contendo todos os objetos necessários para desfrutar de uma manhã preciosa na orla, ou seja: água para beber, toalha de banho, bronzeador, protetor solar, celular com carga completa para manter os devidos contatos com meu tradutor, ali me instalei.
 
Ali me instalei, diga-se de passagem, sem deixar de explicar -face às naturais dificuldades pertinentes à minha pessoa – que foi com algum esforço.
 
E assim sendo, fiquei à espera das amigas que sempre chegam um pouquinho mais tarde.
Foi o que se passou, continuou ela a narrar.
 
- Elas chegaram e se instalaram junto a mim, que lhes havia reservado um espaço um pouco maior. Éramos cinco mulheres.
 
Mais ou menos por volta das 10,30 horas da manhã chegaram outras pessoas, que por certo e por motivos particulares, resolveram vir mais tarde à praia.
 
Como me pareceu são moradoras antigas deste povoado e por serem muito velhas se julgam donas da praia e pensam que os melhores lugares, junto ao mar, devam-lhes serem reservados.
 
Em suas cabeças destituídas de bom senso, pequenez de cultura, urbanidade e vivência humana, devam ser-lhes guardados estes espaços por direito , o que só existe em seus pensamentos distorcidos.
 
¡Que pena!
 
E assim segue narrando:
 
- Então se acercaram a nós, liderados por uma velha, loira oxigenada, magra e mal vestida, que segundo algumas outras pessoas disseram, costuma ter atitudes desta natureza todos os veraneios apesar de residir em Madri, elas começaram em voz alta a dizer, a fim de que ouvíssemos que estávamos ocupando um espaço maior do que nos cabia. O que não era verdade.
 
Por falta de qualidade de comunicação e por serem pessoas que não têm maior capacidade intelectual de diálogo, ao invés de aproveitarem a bela manhã que se nos era brindada pela natureza, passaram todo o tempo a fazer comentários desairosos sobre nós e sobre os demais que ousavam lhes passar sob os olhos maldosos.
 
Para que saibas, nos mantivemos caladas e as ignoramos por completo, sem dirigir-lhes um olhar ou uma palavra sequer. Não valia a pena desgastar-mo-nos por tão pouco. Estávamos felizes.
 
Ela então, assim, encerrou sua narrativa:
- A manhã apesar de tudo nos brindou com muita alegria pelo encontro com os amigos, pelo banho em um mar deslumbrante e um sol de verão abrasador, que nos acariciou sobremaneira com seus raios.
 
Tudo o que se passou nos permitiu que novas ideias nos ocorressem e pudéssemos contar a você, escritor, este fato, a fim de que narre a seus leitores, através de seus escritos, mais uma história.
 
Eu lhe agradeci e parti na esperança de encontrar em meu caminho outras pessoas, outros episódios, quem sabe, para contar.

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