Com mel se pegam moscas (e não com fel)

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Pedro Rivera Jaro

Traduzido para o português por José Manuel Lusilla
 

Naquela manhã, apareceram por todo o bairro uma multidão de grafites. Portas de garagem, muros de edifícios e, em geral, qualquer pedaço de parede com cimento amanheceram com misturas artísticas de cores variadamente combinadas para obter composições luminosas, que os adornavam com grande acerto.

Por exemplo, em uma parede que ficava de frente para uns jardins, haviam pintado umas árvores que pareciam formar um pequeno parquinho vegetal.

Um segundo exemplo: em uma porta de garagem de uma comunidade de vizinhos, haviam pintado um precioso e reluzente automóvel vermelho, que parecia sair de dentro, com os faróis acesos.

Parece que vários vizinhos haviam observado, de suas janelas, grupos de adolescentes de uns 13 ou 14 anos, armados de sprays, pintando ao anoitecer, e esses vizinhos foram falar com o diretor da Escola Pública que ficava perto, porque pensavam que os jovens poderiam ser alunos dele.

O diretor os recebeu com um sorriso e, em seguida, pediu que o acompanhassem. Deu-lhes um passeio por todos os pátios traseiros do Colégio e lhes mostrou as paredes internas, que estavam igualmente cheias de grafites.

Ele havia tentado obrigar os alunos a parar de rabiscar as paredes, ameaçando-os com castigos se fossem pegos fazendo isso, mas tais ameaças não conseguiram nenhum resultado. Os garotos continuaram borrando tudo, às escondidas, com suas tintas.

Os vizinhos voltaram para suas casas, mais surpresos do que quando foram se queixar ao Colégio.

O Diretor, que estava preocupado com a situação, passou vários dias meditando e, no final, elaborou um plano de ação.

Reuniu os alunos no Salão de Atos e propôs organizar um Concurso de Pintura no qual poderiam participar voluntariamente, selecionando previamente os melhores artistas dentre todos os alunos. Eles teriam que formar 10 equipes de pintura e fariam seus grafites nas paredes internas dos pátios do Colégio.

Em primeiro lugar, deveriam pintar todas as paredes de branco, fazendo assim desaparecer todas as pinturas feitas anarquicamente por todo o Colégio. Em seguida, pintariam os temas selecionados pelas equipes, e uma vez terminados, seriam julgados e avaliados por todos os alunos. Eles seriam classificados do primeiro ao décimo, e receberiam os correspondentes diplomas, em função das pontuações obtidas por cada um deles.

O resultado foi um sucesso esmagador, e não se viram mais grafites pelo bairro. Os artistas se sentiram valorizados por obra e graça de um diretor que utilizou sua hierarquia e seu intelecto para demonstrar mais uma vez que as moscas se caçam com mel, e não com fel. Onde a ameaça não funcionou, a inteligência triunfou.

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Pedro Rivera Jaro

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