Alvaro de Almeida Leão
Ariovaldo, recém chegado a uma pequena cidade do interior, no trago, como sempre, ia passando, outro dia, por uma rua, quando uma pequena multidão dentro de uma casa, lhe chamou atenção. Curioso, indaga da primeira pessoa com quem se depara.
- Oi, qual o motivo desta festiva reúna?
- Festiva não, bem ao contrário. Estamos velando a professora dona Chiquinha, que, infelizmente, morreu.
- O quê?!...A professora dona Chiquinha, morreu. Mas, como? Não pode ser. Me nego a acreditar.
Dito isso, cai no choro com vontade, alto e com elevado sentimento. Chama a atenção de todos, tanto que familiares da falecida, penalizados com a cena, convidam-no para entrar. Este, não se faz de rogado e em instantes, começa a tentar interagir com as demais pessoas. .
Tempo de rigoroso inverno, frio de renguear cusco. Estão sendo franqueados: sanduiches, cafezinhos, conhaque, vinho, quentão e a nossa tradicional cachaça.
Ariovaldo, indagado sobre sua preferência, nem titubeia:
- Longe de mim a intenção de causar incômodo..Mas já que insistem, com todo esse frio, aceito umas cachacinhas, com todo respeito e consideração, numa boa, no capricho.
Assim se depreende, foram servidas seguidas doses da purinha e na medida em que o Ariovaldo as consumia, mais se embriagava causava pertubação..Ante tão insustentável situação, alguém diz ao Ariovaldo, ainda que não seja verdade, que a cachaça acabou. Ao ouvir tão nefasta notícia Ariovaldo desejou ir embora não sem antes se despedir da falecida.
Diante da Dona Chiquinha, aos prantos, desabafa:
-Querida e amada, dona Chiquinha! Como pode ter acontecido uma desgraça dessa com a senhora? Como, meu Deus?! Como?
Abraça-se ao caixão soluçando com tanto vigor que este está preste a se deslocar dos cavaletes.
Algumas pessoas passam a cuidar dos dois; da defunta e do Ariovaldo, para que nenhum venha a cair. O que seria um senhor vexame.
Familiares da dona Chiquinha se revezam em tentar identificar melhor, o inconsolado Ariovaldo e indagavam:
- O senhor, também, é parente de dona Chiquinha?
- Não, eu não sou parente da dona Chiquinha.
- Alguma época foi aluno da dona Chiquinha?
- Não, eu nunca fui aluno da dona Chiquinha.
- Então de certo alguma vez vizinhou com a dona Chiquinha.
- Não eu nunca vizinhei com a dona Chiquinha e pra bem da verdade eu confesso, até então, não conhecia a dona Chiquinha.
- Então, seu Ariovaldo, o senhor não sendo parente da dona Chiquinha, não tendo sido seu aluno ou vizinho e, principalmente, nem sequer a conhecendo,porquê de tanto choro?.
- Por. agora mesmo. um desmancha prazer, está me dizendo que a danada da purinha acabou. Então, sendo assim, só me resta chorar, chorar, e chorar copiosamente.
Foi a gota d’água!. Convidado a retirar-se, Ariovaldo sai seco pra beber mais e mais.
Tal situação, infelizmente é o que acontece, já há algum tempo.com o Ariovaldo, Um dia, quem sabe, uma alma nobre poderá ajudá-lo a sair dessa e que seja o quanto antes.