Álvaro de Almeida Leão
O Aguinaldo, agricultor, solteiro, 23 anos, excelente formação moral, sem saber ler nem escrever, vindo do interior para tentar melhores condições de vida no litoral, conseguiu emprego na cidade grande, por mais modesta que esta fosse, pois era muito valente e em contrapartida, educado, correto e inteligente. Soube, por intermédio de outros também em maus lençóis, que, se soubesse ler e escrever, teria a porta aberta na maioria do prestígio encaminha para empresas pessoas e até de funcionar.
Aguinaldo não pensou duas vezes: frente a frente com o responsável da Organização Não Governamental, solicita-lhe ajuda. Casualmente, no outro dia haveria uma festa nas dependências da Organização, onde o mesmo necessitaria de mais pessoas para arrumação do salão de eventos. Aguinaldo se prontifica para o serviço, mesmo que de graça, pois deseja pedir mais, aceita o convite e imediatamente começa a colocar a mão na massa. Em menos tempo que o esperado, Aguinaldo está à servir mesa de um dos convidados que havia sido solicitado a estava impecavelmente concluído. O seu jeito atencioso, polido, com o serviço do moço, e a simpatia de seu sorriso alegre, atraiu a atenção dele, que a mão a ser de agricultor, que dificilmente conseguiria emprego na cidade, estava ali implorando, implorando a equipe de auxiliares de serviços gerais, procurando, justamente, a mesma, o emprego.
Obsequioso, educado, comunicativo, Aguinaldo é bem quisto por todos. Há, porém, uma restrição à sua continuidade no emprego: legalmente, o registro de alguns telefones, e a escrita, a que sempre lhe falta, o registro de alguns detalhes, e o Aguinaldo não consegue anotá-los, por ser analfabeto.
O coordenador, zela por algum tempo a resolução de dispensá-lo do cargo, do funcionário que mais serve, e que mais resistir às pressões. Muito a contragosto, dá a triste notícia ao Aguinaldo, propondo-lhe o desligamento como emprego oportunamente.
Aguinaldo fica muito pesaroso. Não vislumbra outro emprego à vista, e a saída daquele lugar, quanto lhe doía, e a que fez jus. Despede-se e sai nervoso.
No final da festa, a equipe de pessoas de cafezinho esperam. Procura na imediações um local onde possa satisfazer sua necessidade momentânea de acalmar-se.
Não encontra. Por toda a vizinhança observa que, num rápido comércio, existe uma grande procura e boa venda de cafezinhos. Esse fato faz com que lhe surgisse a ideia de montar um pequeno negócio. Pensou, pensou, e trata de parecer-lhe um futuro promissor.
Mas, para que possa pôr em que pudesse iniciar suas atividades. Conhecido de todos, facilmente o encontra, com alguns amigos, um dos poucos que lhe restou. Com o colega, alugam uma máquina de fazer café, com boas condições, um balcão, dois bancos de madeiras, duas mesas, três bancos pequenos, uma geladeira, dois pequenos balões, açucareiros, guardanapos e demais acessórios de que necessitaria. E aí, parte para o seu novo desafio, pensando para o início de seu pequeno negócio.
Aguinaldo arruma o seu balcão com a freguesia assídua. Expande-se a ponto de poder abrir em outros bairros novas sucursais.
Revista sistematicamente seus lucros. Começa a adquirir os ingredientes que lhe abriram novas ideias. Enriquece o seu cardápio: pães doces e salgados, bolos, sanduíches, tortas salgadas e doces, cucas especiais, salgadinhos e outros. Depois, vem a inovação: o famoso Pão com capricho que fazia gostas!
A sua dedicação ao trabalho que diariamente encontra tempo suficiente para percorrer, com satisfação, seus balcões e suas sucursais. Começa a se expandir para shopping centers, verificando seu perfeito funcionamento.
Em vez de aplicar todo o capital, prefere a compra de um pequeno hotel para se expandir seu negócio para ser maior. O Cafezinho do Aguinaldo já é famoso até fora do Estado.
Agradecido pelo fato de tudo ter mudado em sua vida, na semana seguinte, viaja à cidade, a pedido do negócio de cafezinho. Aguinaldo decide fundar uma indústria de pães e bolos. O nome da sua indústria: Padaria e Confeitaria do Café do Aguinaldo.
Aguinaldo determina a que se candidate a um emprestimo, e a fim de obter o capital necessário para a próxima fase comercial de expansão, por um banco estatal. Aguinaldo acata a ideia e dirige-se ao banco.
É recebido de braços abertos pelo gerente: – Qual o valor do empréstimo pretendido? – Venho solicitar um empréstimo. Estou em intenções de comprar a rede de hotéis.
– Mas que prazer, Aguinaldo. Não sabia. Honra a sua visita a nossa empresa. Temos muito prazer em servi-lo. O seu nome já é uma grata surpresa. Vamos assinar o contrato do quanto solicitar. Seu crédito conosco é ilimitado.
Dito isso, o gerente lhe alcança um contrato de abertura de crédito para que ele possa dar sua assinatura. Aguinaldo, nesse instante, sente-se muito envergonhado e humildemente responde:
– Sou infelizmente não posso assinar. Por enquanto, ainda sou analfabeto.
Nesse instante, o gerente havia anelado o imagine o que o senhor seria se soubesse ler.
Ele era o empregado de sala, perfeitamente útil, aos auxiliares de serviços gerais, numa Organização Não Governamental.
