Uma cesta de cornos

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Pedro Rivera Jaro

Traduzido ao português por Silvia C.S.P. Martinson

Nos anos 60, em Espanha, o amor à tauromaquia era muito mais acentuado do que atualmente. O crescimento dos adeptos contra touradas têm aumentado em detrimento dos adeptos das touradas, ao contrário dos adeptos do futebol, que foi crescendo cada vez mais até que atingiu o atual volume de seguidores a nível mundial.

Recordo-me quando, em criança, falava com Don Antonio, marido de Dona Luchi, que era engenheiro, um homem culto e que defendia a festa nacional, em ultraje ao futebol, argumentando que esta era espanhola, enquanto o futebol tinha sido inventado pelos ingleses.

Havia grandes mestres de toureio, e entre eles destacava-se um par de matadores que polarizavam os adeptos, tal como hoje acontece com as grandes equipas de futebol, onde um par está sempre em disputa pelo primeiro lugar.

Um dos matadores distinguiu-se por um estilo de toureio apressado, com movimentos acelerados e voltas bruscas em frente à cara do touro, foi gravemente ferido nas suas touradas porque arriscava o seu corpo ao aproximar-se demasiado do touro, ao ponto de, no final da tourada, o seu traje estar manchado de vermelho pelo sangue do touro. Os jovens preferiam o seu estilo de toureio às formas mais clássicas de toureio

Outro destes distinguia-se por um estilo de toureio muito mais clássico, sempre firme e sem perder a compostura, o que agradava muito mais aos aficionados mais velhos.
Não vou tomar partido por nenhum deles, porque gostei de ambos os toureiros no desenvolvimento do seu toureio, um pela sua seriedade e o outro pela sua alegria.

O fato é que houve algumas desavenças entre ambos por causa do tamanho dos touros e dos seus chifres e da proximidade dos toureiros à ponta dos chifres na realização das touradas.

Conta-se que um deles, que tinha sido casado com uma bela senhora de quem se tinha separado, aparentemente devido a alguns casos de infidelidade para com o seu casamento, enviou ao outro, como presente, um cesto cheio de cornos de touros bravos e enormes, gabando-se dos touros que costumava matar nas suas touradas, insinuando que os touros que o outro mestre matava eram touros com chifres pequenos, ao contrário dos que ele matava.

O outro mestre, em resposta, enviou-lhe uma cesta cheia de ovos, e dentro dela, um envelope com um bilhete escrito à mão por ele, onde se lia: “Cada um dá o que tem de sobra”.

Não mencionarei os nomes de nenhum dos dois toureiros, mas qualquer fã da época sabe quem eram eles e também sabe que o combate foi muito falado publicamente e celebrado nos anos 60.

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Pedro Rivera Jaro

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