Aquelas semanas santas

A

Pedro Rivera Jaro 

Traduzido ao portugués por Silvia C.S.P. Martinson

  Hoje é domingo de Páscoa Florida, ou como também costumamos dizer Domingo da Ressureição.

Hoje os costumes para a maioria dos cidadãos espanhóis são muito diferentes ao que conhecíamos durante os anos de minha infância e de minha adolescência.
Naqueles anos de minhas recordações infantis, finais de cinquenta e princípio dos sessenta, começamos pela Quarta-feira de Cinzas, dia em que nos levavam ao colégio da Igreja Paroquial de San Fermin, a todos bem arrumados, por recomendação de nosso professor.

Na igreja o cura pároco Don Antonio nos dava um sermão sobre o significado desse dia em recordação ao final do período de Jesus Cristo no deserto, e a cinza que simboliza a morte e a pequenez do ser humano ante a grandeza do Criador e nos recordava da vaidade das coisas. Vinha a recordar-nos, igualmente, que somos pó e cinza, unicamente.

Mais tarde chegava o Domingo de Ramos. Era um dia festivo para nós outros os meninos, porque íamos com as palmas as procissões e também estreava-mos algo novo, porque segundo rezava um dito popular: “Hoje que é Domingo de Ramos a quem não estreie algo novo, as mãos se lhe cairão.” Simbolizava a entrada de Jesus em Jerusalém montado ao lombo de uma burrinha, quando os habitantes daquela cidade lhe aplaudiam arrojando a seu passo ramos de oliveira e prostrando-se ao seu passo.

Nos dias seguintes se sucediam: a Última Janta, a Oração na Horta das Oliveiras, o de Getsemani e a prisão de Jesus. Posteriormente era julgado pelos sacerdotes do templo e condenado a ser açoitado e executado. Logo foi levado perante Pilatos que, depois de lavar as mãos o deu à escolha do povo e este escolheu que libertasse Barrabás, o ladrão, e crucificasse a Jesus. Na Quinta-feira Santa foi crucificado.

Tudo isso se representa dentro das igrejas com as imagens de Santos e Virgens cobertos com panos de cor roxa, figurando o luto pela morte de Jesus Cristo.

Naqueles dias não se podia pôr música, a rádio punha música clássica, na televisão somente víamos filmes de temas sagrados como: Quo Vadis, A Túnica Sagrada, Os Dez Mandamentos, Ben Hur, Rei dos Reis, Barrabás, etc.

Até que chegássemos ao Sábado de Glória e os meninos íamos à igreja com recipientes cheios de água, o cura benzia a água, que depois se salpicava pelos rincões da casa. Naquela noite ressuscitava e saia do túmulo.

Por fim chegava o Domingo da Ressurreição no qual voltávamos à normalidade.

Eu recordo que em Madri era o dia de estreia de novos filmes, nos cinemas da Gran Via, que então se chamava Avenida de José Antonio e da Glorieta de Bilbao.

Eram tempos de Nacional Catolicismo, as igrejas se superlotavam de fiéis e não cabia nenhuma alma mais. Muito diferente do que ocorre hoje em dia que não se vêem nunca cheias.

Os jovens de então, em nossa adolescência opinávamos que era exagerada àquela situação e alguns nos convertemos em transgressores daquele luto.

À medida que saímos dos anos sessenta, íamos perdendo o medo de transgredir aquelas normas.

No ano 1968, ou talvez em 1969, nos reuníamos na Semana Santa na serra na Urbanização Entrepinos, pertencente ao precioso povoado de Las Rozas del Puerto Real. Entre os pinhais com um toca-discos que funcionava a pilhas, escutávamos e dançávamos a música Los Brincos, Diana Ross e as Supremas e outros grupos daquela época.

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Pedro Rivera Jaro

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